Fitch corta rating do Banco Montepio. Cai para “B-“

Agência justica redução do rating do Banco Montepio com deterioração do rácio de capital e das perpetivas de lucro. Fitch considera que reestruturação poderá ir além do anunciado fecho dos 31 balcões.

A agência de notação financeira Fitch cortou o rating do Banco Montepio em dois níveis, de “B+” para “B-“, devido à deterioração dos rácios de capital e das perspetivas de lucro do banco.

Em comunicado divulgado esta terça-feira, a agência anunciou a redução do rating de longo prazo (IDR) de “B+” para “B-“, com perspetiva negativa, e o rating de viabilidade (Viability Rating) de “b+” para “b-” do Banco Montepio, justificando essa decisão com a “deterioração acentuada da capitalização do banco no primeiro trimestre de 2020 e das perspetivas de rentabilidade operacional”, bem como com a expectativa “de que o perfil financeiro se deteriore ainda mais nos próximos trimestres”.

O Banco Montepio chegou ao final de março com um rácio de capital total de 13,2% (proforma de 13,7% de uma emissão de títulos Tier 2 colocada recentemente na Associação Mutualista Montepio Geral), abaixo dos requisitos 13,9% do processo de análise e avaliação para fins de supervisão (SREP, na sigla em inglês).

A Fitch diz esperar maior pressão nos rácios ao longo deste ano, tendo em conta que a crise provocada pela pandemia está ainda numa fase inicial. “Atualmente, o Banco Montepio está implementando ações de remediação de capital, que acreditamos que poderão ajudar a estabilizar ou melhorar as métricas de solvência até o final do ano”, frisam os analistas.

Por outro lado, a agência alerta para o elevado nível de crédito malparado em comparação com os pares portugueses e internacionais e para a rentabilidade baixa do banco liderado por Pedro Leitão.

O rácio de NPL atingiu os 12,1% no final de março, ligeiramente abaixo do final de 2019. A Fitch estima um rácio de ativos problemáticos de cerca de 18% se incluir ativos imobiliários. “Prevemos que a qualidade dos ativos se deteriore em 2020-2021, após uma severa contração económica em 2020 e um aumento significativo na taxa de desemprego em Portugal”, frisa a agência.

Quanto à rentabilidade, o banco reportou lucros de cerca de cinco milhões de euros no primeiro trimestre de 2020, “suportado por ganhos pontuais com a venda de títulos, que compensaram as provisões para perdas com crédito esperadas relacionadas à crise do coronavírus”. “Excluindo esses ganhos pontuais, o banco teria reportado uma perda operacional”, refere a Fitch, que antecipa um ano de prejuízos.

Face ao mau desempenho no arranque do trimestre, o Banco Montepio decidiu acelerar sua transição digital com o fecho de 31 agências (cerca de 10% da rede total de agências domésticas) através de processos de fusão. A reestruturação pode não ficar por aqui, diz a Fitch: “Esforços adicionais de reestruturação podem ser seguidos para aumentar a economia de custos a médio prazo, o que deve, em última análise, apoiar a rentabilidade operacional”.

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