Lucros da Jerónimo Martins caem 36% até junho com a pandemia

Os lucros da Jerónimo Martins caíram 36,2%, em termos homólogos, para os 104 milhões de euros no primeiro semestre deste ano. A operação na Polónia compensou as quebras noutras geografias.

Os lucros da Jerónimo Martins caíram 36,2% para 104 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, o que compara com os 163 milhões de euros de lucro no primeiro semestre de 2019. A informação foi avançada pela empresa em comunicado enviado esta quarta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Os primeiros seis meses do ano ficam sobretudo marcados pelos efeitos da disrupção causada pela pandemia no segundo trimestre“, admite Pedro Soares dos Santos no comunicado, referindo que “manter a continuidade dos negócios e a estabilidade das cadeias de abastecimento num contexto de crise prolongada e ainda sem fim à vista tem exigido das equipas, aos vários níveis da organização e particularmente àqueles que estão nas nossas lojas e centros de distribuição, resiliência, determinação e compromisso verdadeiramente extraordinários”.

A contribuir para a deterioração dos lucros da retalhista portuguesa estão os custos acrescidos que a pandemia trouxe que, no total, entre janeiro e junho, chegaram a 32 milhões de euros. Em causa está a “introdução de novos e mais frequentes procedimentos de limpeza das lojas e dos centros de distribuição, bem como de equipamentos de proteção individual de uso diário para as nossas equipas”. A isto soma-se “o reforço de provisões para valores a receber e para depreciação de stocks”.

Segundo o CEO da empresa, a operação em Portugal regista “sinais de recuperação perante o aligeirar das medidas de confinamento”. Contudo, “a economia está a sofrer pela sua sobre-exposição ao setor do turismo e pelas consequências das fortes restrições impostas à atividade de retalho”, o que teve um “impacto imediato na rentabilidade” da Jerónimo Martins. No Pingo Doce, as vendas registaram uma redução de 2,9% no primeiro semestre e no Recheio a quebra das vendas foi de 14,4%.

É da Polónia que chegam notícias melhores com a Biedronka a entregar “um forte desempenho com sólido crescimento de vendas e de EBITDA”. A insígnia polaca da Jerónimo Martins “respondeu aos desafios com grande assertividade, combinando rapidez, flexibilidade e espírito de iniciativa”, diz Pedro Soares dos Santos, revelando que a rentabilidade ficou protegida e houve até ganhos de quota de mercado.

A pior notícia vem da Colômbia — apesar das vendas terem crescido — com a “Ara fortemente impactada pelas restrições ainda em vigor” no país. “As medidas de confinamento e as restrições à atividade económica fazem-se ainda sentir por todo o país, dificultando a visibilidade sobre os impactos na economia de uma pandemia que apresenta comportamentos muito diferentes de região para região”, explica o CEO, referindo que a gestão da operação fica assim mais complexa.

Ao todo, as vendas consolidadas do grupo cresceram 4,6% para 9,3 mil milhões de euros, tendo o EBITDA descida 4,9% para 635 milhões de euros. “O forte desempenho da Biedronka mais do que compensou a queda de vendas em Portugal e a pressão da desvalorização do zloty e do peso colombiano“, justifica o grupo.

Em termos de endividamento, a dívida pública fechou o primeiro semestre nos 2.150 milhões de euros. “Excluindo as responsabilidades com locações operacionais capitalizadas, o Grupo fechou Junho com uma posição líquida de caixa de 100 milhões de euros”, lê-se no comunicado.

Jerónimo Martins não apresenta guidance

A empresa informa que continuará a não apresentar guidance para 2020. “É hoje evidente que esta pandemia impacta todos os negócios de forma não homogénea, variando em função das medidas impostas por cada país e da resiliência de cada mercado de consumo”, explica o grupo.

“A incerteza sobre o desenvolvimento da pandemia continua muito elevada, sendo ainda cedo para estimar o impacto real que, no conjunto do ano, terá na economia mundial e em cada um dos países em que operamos”, acrescenta. Assim, “nestas circunstâncias, não apresentamos guidance para 2020”.

(Notícia atualizada às 18h11 com mais informação)

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