Isabel dos Santos deixa administração da operadora angolana Unitel

A empresária explica que a sua decisão se prende com "o clima de conflito permanente" que se instalou no conselho de administração da empresa, que tem como principal acionista a petrolífera Sonangol.

Isabel dos Santos está de saída da administração da operadora de telecomunicações Unitel. A empresária angolana deu conta dessa decisão através de um comunicado divulgado esta terça-feira.

“Após 20 anos dedicados à criação, ao desenvolvimento e ao sucesso da Unitel, optei por deixar o cargo de membro do conselho de administração da empresa”, diz Isabel dos Santos, no comunicado enviado à imprensa.

A empresária que está a ser investigada no âmbito do processo do Luanda Leaks explica que a sua decisão se prende com “o clima de conflito permanente” que se instalou no conselho de administração da empresa, que tem como principal acionista a petrolífera estatal Sonangol, e na qual detém uma posição de 25% através da Vidatel.

“Numa altura em que a economia angolana e o mercado das telecomunicações atravessam condições económicas particularmente adversas, parece-me contraproducente e irresponsável permitir que um clima de conflito permanente e de politização sistemática dos administradores se instale no conselho de administração da empresa, fruto das relações entre acionistas“, concretiza a empresária angolana.

O anúncio acontece poucos dias depois de a empresária e a operadora angolana terem trocado acusações sobre uma alegada dívida da Unitel à Vidatel e transferências de dinheiro para esta empresa.

A Vidatel refutou no final de julho as notícias que davam conta de que a filha do ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos, teria aproveitado a sua posição acionista na operadora para transferir, sem justificativos, fundos para as contas da Vidatel em Portugal.

O dinheiro circularia depois através de contas das entidades Unitel Internacional Holding BV, Athol Limited e Sílaba Real Estate Limited, além das contas de Isabel dos Santos junto do BPI e do Eurobic.

Segundo o comunicado da Vidatel citado pela Lusa nessa ocasião, “não há nem nunca houve” transferências injustificadas da Unitel para a Vidatel Ltd ou para contas pessoais de Isabel dos Santos, pois as que foram feitas são relativas “a dividendos autorizados pela Assembleia Geral da Unitel e a salários, conforme estipulado em contratos de trabalho e de mandato”.

Garantia, por outro lado, que a Unitel é que “tem dívidas para com a Vidatel Ltd cuja existência se deve a razões unicamente imputáveis” à operadora de telecomunicações.

Referia-se à falta de reembolso, em 2016, do empréstimo que a Unitel obteve junto da Vidatel, uma dívida que “está devidamente registada nas contas auditadas da Unitel, certificadas por auditor externo, e reconhecidas e aprovadas pela Assembleia Geral dos acionistas durante vários anos”.

Três dias depois, em resposta, a Unitel negou existência de dívida a Isabel dos Santos, mas admitiu a existência de dividendos por pagar, referindo contudo que os motivos para a não transferências desses montantes lhe serem alheios.

(Notícia atualizada às 10h45)

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