Ministra Ana Mendes Godinho diz ter sido “descontextualizada de forma grave”

O gabinete do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social emitiu um esclarecimento onde garante que a ministra Ana Mendes Godinho foi "descontextualizada de forma grave".

O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social emitiu um esclarecimento onde garante que a ministra Ana Mendes Godinho foi “descontextualizada de forma grave”. Em causa está a entrevista ao Expresso publicada este sábado, na qual Mendes Godinho afirma que “a dimensão dos surtos nos lares não é demasiado grande”, e que levou o líder do CDS a pedir a sua demissão.

“A frase escolhida para título foi descontextualizada de forma grave. À pergunta ‘O pior ainda não passou no caso dos lares?’ a resposta dada foi a seguinte: ‘Tivemos 365 surtos [em abril] e temos 69 agora! Claramente, temos menos incidência. Temos 3% do total dos lares e temos 0,5% das pessoas internadas em lares que estão afetadas pela doença! A dimensão não é demasiado grande em termos de proporção. Mas, claro, que isto não significa que não devamos estar preocupados e mobilizados para reforçar a guarda'”, aponta o gabinete da ministra.

Assim, “retirar uma parte essencial da frase, descontextualizando-a, e dando assim a entender que o Governo não considera graves os números de mortes em lares em Portugal, é um ato grave e que, como tal, deve ser desmentido”, acrescenta.

A entrevista em causa, manchete da última edição do semanário, não causou polémica apenas pelo título. Na entrevista, a ministra admite não ter lido o relatório da Ordem dos Médicos sobre o surto de Covid-19 num lar de Reguengos de Monsaraz, tendo pedido “que o analisassem”. No rescaldo das declarações de Ana Mendes Godinho, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, disse serem quatro os relatórios e garantiu tê-los lido. O chefe de Estado disse ainda: “É preciso ver que é preciso lê-los todos.”

O esclarecimento do Ministério não aborda esta questão. Ainda assim, a ocasião é aproveitada para elencar o que tem sido feito no âmbito desta matéria.

“O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social tem estado, desde o início da pandemia, a acompanhar a situação nos lares, e tem desenvolvido mecanismos que, por um lado, permitam antecipar surtos e dotar estas instituições dos meios necessários e, por outro, no acompanhamento de todos os surtos e na resolução de problemas concretos na sequência do surgimento destes”, aponta. E sublinha: “Este trabalho insere-se numa política ativa que assenta numa estratégia de atuação com várias dimensões, cujas medidas adotadas ascendem já a 200 milhões de euros.”

Este sábado, o líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, reagiu à entrevista pedindo a demissão da ministra Ana Mendes Godinho. O PSD emitiu um comunicado, indicando que, na segunda-feira, entregará no Parlamento um requerimento para uma audição a Mendes Godinho e também a Marta Temido, ministra da Saúde, com “caráter de urgência”.

Leia o esclarecimento do Ministério na íntegra:

A propósito do título da entrevista da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social ao jornal Expresso deste sábado, cumpre informar o seguinte:

A frase escolhida para título foi descontextualizada de forma grave. À pergunta “O pior ainda não passou no caso dos lares?” a resposta dada foi a seguinte: “Tivemos 365 surtos [em abril] e temos 69 agora! Claramente, temos menos incidência. Temos 3% do total dos lares e temos 0,5% das pessoas internadas em lares que estão afetadas pela doença! A dimensão não é demasiado grande em termos de proporção. Mas, claro, que isto não significa que não devamos estar preocupados e mobilizados para reforçar a guarda.”

Retirar uma parte essencial da frase, descontextualizando-a, e dando assim a entender que o Governo não considera graves os números de mortes em lares em Portugal, é um ato grave e que, como tal, deve ser desmentido.

O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social tem estado, desde o início da pandemia, a acompanhar a situação nos lares, e tem desenvolvido mecanismos que, por um lado, permitam antecipar surtos e dotar estas instituições dos meios necessários e, por outro, no acompanhamento de todos os surtos e na resolução de problemas concretos na sequência do surgimento destes.

Este trabalho insere-se numa política ativa que assenta numa estratégia de atuação com várias dimensões, cujas medidas adotadas ascendem já a 200 milhões de euros.

As dimensões em causa são as seguintes: apoio à reorganização das estruturas residenciais (através de visitas conjuntas da Segurança Social, Autoridades de Saúde e Proteção Civil e disponibilização de unidades de retaguarda); disponibilização de recursos humanos e sua capacitação (através da criação do programa MAREES, com o IEFP, para apoio à contratação de RH, que já aprovou a colocação de praticamente 6 mil pessoas em respostas sociais, na sua maioria em lares). Neste âmbito foram ainda criados materiais para formação online dos RH dos lares; e foram criados percursos formativos de curta duração para capacitação de desempregados para a área social, em articulação com o IEFP.

Outro das dimensões da estratégia é a disponibilização de material que permita a contenção da propagação do vírus, nomeadamente equipamentos de proteção individual (EPI), tendo já sido distribuídos mais de 1,3 milhões de EPI. Foram ainda lançados vários mecanismos financeiros de apoio para a aquisição de equipamentos de higienização: Programa Adaptar Social +; protocolos com os parceiros do setor social; isenção de IVA na aquisição de bens necessários para o combate à Covid-19.

Finalmente, foi colocado em prática um plano de testes preventivos de despistagem de SARS-CoV-2 a todos os funcionários dos lares e estruturas residenciais em todo o país, em parceria com mais de 20 Instituições do Ensino Superior e Centros de Investigação.

Esta estratégia tem permitido registar em Portugal níveis de incidência de Covid-19 nos lares de idosos abaixo do registado em outros países.

Para antecipar o próximo outono, o MTSSS manterá a sua atuação nestas dimensões acrescentando a criação de uma linha telefónica 100% dedicada a lares e a vacinação de todos os utentes e funcionários contra a gripe sazonal.

(Notícia atualizada pela última vez às 20h06)

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