Automóvel já representa mais de metade do crédito ao consumo
Crédito ao consumo está a recuperar do confinamento provocado pela pandemia, mas muito à custa dos financiamentos para comprar automóveis cada vez mais caros.
Depois de um forte trambolhão, o crédito ao consumo está a recuperar. Deu um salto entre abril e maio, voltando a repetir o feito em junho, num movimento explicado em grande parte pela recuperação dos financiamentos para a compra de veículos, sejam novos ou usados. Os empréstimos com esta finalidade representaram mais de metade de todos os euros concedidos para o consumo no mês que fechou a primeira metade do ano.
De acordo com dados do Banco de Portugal, o crédito ao consumo aumentou cerca de 120 milhões de euros de maio para junho, alcançando os 420,3 milhões de euros em junho, ainda assim menos 26,4% do que há um ano. Este crescimento é explicado essencialmente pelos financiamentos para a aquisição de veículos: 87 dos 120 milhões tiveram esse destino.
No total, os novos créditos aos consumidores para a compra de automóvel atingiram os 221 milhões de euros em junho (contra os 134 milhões de euros em maio), representando o “peso” mais elevado alguma vez registado no total deste tipo de financiamento (o histórico recua apenas até janeiro de 2013): 52,7%.
A proporção de créditos para a compra de carro, considerando tanto ALD como crédito clássico, tanto para veículos novos como usados, superou os 44,8% registados em maio, que tinha sido já o “peso” mais elevado deste ano. E suplantou a anterior marca histórica que tinha sido alcançada em julho de 2018, altura em que o automóvel representou 47,4% do total.
Esta recuperação do financiamento automóvel, que tem puxado pela do crédito ao consumo como um todo, dando um sinal de confiança dos consumidores numa correção acelerada da economia portuguesa após o trambolhão de 16,3% no segundo trimestre, tem dado algum apoio à retoma do setor. Depois de afundarem, as vendas de automóveis novos, apesar de continuarem aquém das registadas no ano passado, têm vindo a recuperar.
Carros (cada vez) mais caros
A maior “fatia” dos financiamentos para a aquisição de veículos continua a ser crédito “clássico”, tendo este representado 89% do total durante o mês de junho. Dos 221 milhões de euros concedidos para esta finalidade, maior parte tem sido utilizada para a compra de veículos usados, razão pela qual os dados das vendas de veículos em Portugal crescem, mas pouco.
Deste montante, 85% é destinado a usados, com o remanescente a ser utilizado para a compra de veículos novos. Comum a carros usados e novos é o aumento do valor solicitado para a sua aquisição, com o valor dos créditos “clássicos” para usados a superar o dos novos, em junho: 12.828 euros contra 12.140 euros, revelam os dados do Banco de Portugal.
No caso dos financiamentos através de ALD, os valores solicitados são mais elevados, algo que é explicado por se tratarem de carros novos, mas mesmo sendo usados, são veículos com poucos anos. No caso dos novos, os valores têm atingindo máximos, tendo superado a fasquia dos 30 mil euros nos últimos meses, estando em torno dos 23 a 24 mil euros no caso dos usados.
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