Dívida pública dispara sete pontos para 127,1% do PIB no segundo trimestre

O peso da dívida pública deu o segundo maior salto da série, atingindo um máximo de 2017. A queda histórica do PIB e o aumento do endividamento do Estado por causa da pandemia explicam a subida.

A dívida pública aumentou 7,1 pontos percentuais do primeiro para o segundo trimestre deste ano, em grande medida por causa da crise pandémica, para 127,1% do PIB. Esta é a segunda maior subida do rácio do endividamento público desde 1999, início da série estatística do Banco de Portugal, só superado pelo tempo da troika.

Apesar de o montante de dívida pública ter descido 4,6 mil milhões em junho, face a maio, o stock continuou a ser bem superior ao de março: passou de 254,8 mil milhões para 259,8 mil milhões. Este aumento contribuiu para a subida do rácio da dívida pública, mas o “grande culpado” está no denominador. Isto é, o PIB, que caiu 16,3% no segundo trimestre, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Ainda que o INE tenha antecipado a divulgação do PIB para o final de julho, por causa da urgência da crise pandémica, o Banco de Portugal não divulgou o rácio da dívida pública no início deste mês quando revelou o valor de junho. O banco central terá atualizado o valor no dia 14 deste mês, quando o gabinete de estatísticas divulgou a estimativa rápida (neste caso, uma segunda estimativa) do PIB, como é habitual.

Rácio da dívida pública disparou no segundo trimestre

Evolução da dívida pública em percentagem do PIB a cada trimestre desde 1999. Fonte: Banco de Portugal.

A queda histórica do PIB levou a uma subida de 7,1 pontos percentuais do rácio da dívida pública que, apesar da sua dimensão, não é a maior desde o início da série. Esse “marco” pertence ao segundo trimestre de 2011, período marcado pela entrada da troika em Portugal, quando atingiu os 112,7% do PIB ao subir 11,2 pontos percentuais face ao primeiro trimestre desse ano.

Com esta subida para os 127,1% do PIB, o rácio da dívida pública volta, ainda que temporariamente, a um patamar que estava em 2017. Este é o valor mais elevado desde terceiro trimestre de 2017 quando o rácio estava nos 131,3%. Desde então, até à pandemia, o peso da dívida pública tinha baixado até aos 117,7% registados no quarto trimestre de 2019. Logo no primeiro trimestre, já por causa do vírus, o rácio subiu para os 120%.

No Orçamento Suplementar, o Governo previa terminar o ano com o rácio da dívida pública nos 134,4% do PIB, o que a concretizar-se será o nível mais elevado de sempre — o rácio já esteve acima dos 135% mas em determinados trimestres, que são influenciados pelo perfil trimestral de reembolsos e idas ao mercado, e nunca no final do ano. O Conselho das Finanças Públicas (CFP) está ligeiramente mais otimista ao ver o rácio nos 133,1% do PIB no final do ano enquanto a OCDE está mais pessimista ao prever 135,9% do PIB.

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