PIB da zona euro crescerá 1,3 pontos até 2022 devido às medidas do BCE

  • Lusa
  • 30 Setembro 2020

Segundo os cálculos do BCE, as medidas aplicadas para travar os efeitos da pandemia provocarão um aumento acumulado do PIB da zona euro de 1,3 pontos percentuais entre 2020 e 2022.

A presidente do BCE disse esta quarta-feira que as medidas aplicadas desde março para travar os efeitos da pandemia provocarão um aumento acumulado do Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro de 1,3 pontos percentuais entre 2020 e 2022.

Numa intervenção esta quarta-feira na conferência do BCE com representantes do mundo académico “ECB and its Watchers” (“BCE e os seus Observadores”), a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, acrescentou que estes estímulos monetários irão aumentar a inflação em cerca de 0,8 pontos percentuais no mesmo período, de acordo com cálculos do BCE.

O BCE decidiu até agora comprar este ano 1,35 biliões de euros de dívida pública e privada da zona euro, e injetou enormes quantidades de liquidez muito barata para garantir que as taxas de juro permanecessem baixas em todos os países da zona euro e para estimular a concessão de empréstimos a empresas e famílias.

Todas as medidas de política monetária aplicadas desde meados de 2014 tiveram um impacto no crescimento do PIB de entre 2,5 e 3 pontos percentuais em termos acumulados até 2019 e na inflação de entre 1,7 e 2 pontos percentuais.

Na intervenção desta quinta-feira, Lagarde argumentou que um regresso à normalidade pré-pandemia da covid-19 poderia significar um regresso a uma situação não convencional para a política monetária em que a utilização de medidas não convencionais já se tenha tornado normal.

Desde o início da crise financeira em 2008, assumiu-se que “a normalização da política monetária significava um regresso a uma política monetária de taxas de juro e um terminar gradualmente com as medidas não convencionais“, recordou Lagarde.

“Mas se o normal está próximo do que vimos antes do surto da pandemia e, receio, do que vemos mais claramente agora, precisamos de estar preparados. Precisamos de ter um consenso claro – acordado no seio do Conselho do BCE e compreendido pelo público – sobre os instrumentos de que dispomos quando a inflação é demasiado baixa e como devem ser utilizados sistematicamente em resposta a diferentes tipos de impactos”, disse Lagarde.

A presidente do BCE considerou que, sem a utilização das grandes compras de dívida realizadas desde 2015, a facilidade de depósito deveria ter sido reduzida até -2% para atingir a mesma taxa de inflação.

Este é um nível de taxa de juro que provavelmente teria criado uma dinâmica de taxa de juro reversível, em que uma queda nas taxas de juro é contraditória porque “prejudica o modelo empresarial dos intermediários financeiros e altera a transmissão da política monetária”, de acordo com Lagarde.

A taxa de reversão é o nível de taxas de juro a partir do qual a política monetária se torna contracionista porque diminui o crédito em vez de o aumentar.

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