Cacilheiros vão mesmo sair do Tejo. Travessia do rio será movida a eletricidade já em 2022

De acordo com o ministro do Ambiente e Ação Climática, Matos Fernandes, a substituição da frota da Transtejo para navios elétricos será a "maior operação do género no mundo". 

Já a partir de 2002, cerca de 19 milhões de passageiros por ano farão a travessia entre as duas margens do rio Tejo sem emissões poluentes. Isto porque os velhinhos cacilheiros que desde sempre marcaram a paisagem ribeirinha vão agora ser substituídos por 10 novos navios movidos a eletricidade que vão integrar a renovada frota da Transtejo, anunciou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes, na abertura do Portugal Mobi Summit.

Apesar da quebra da grande quebra na procura nos transportes públicos em 2020 — é agora 60% do que era no ano passado, nos metros de Lisboa e Porto, comboios e autocarros, revela o ministro — a substituição da frota da Transtejo será a “maior operação do género no mundo”.

A Transtejo tinha já anunciado o lançamento de um concurso internacional para a aquisição de dez novos navios elétricos, ao qual foram entretanto apresentadas quatro propostas que estão em fase de audiência prévia. O investimento será de cerca de 57 milhões de euros e os navios serão entregues de forma faseada entre 2022 e 2024. Neste momento, a Transtejo/Soflusa regista quebras na procura na ordem de 45% em relação a 2019.

Onde não há quebras, frisou Matos Fernandes, é na procura por veículos elétricos: quando chegou ao Governo representavam apenas 2% dos carros vendidos no país, tendo subido para 5% em 2019 e mais do que duplicado para os 11,1% este ano. A este fenómeno soma-se a expansão das ciclovias nos meios urbanos e os apoios à compra e utilização de bicicletas.

Para a neutralidade carbónica em 2050, um compromisso que Portugal assumiu antes de todos os outros países, o ministro garante que o setor eletroprodutor e a mobilidade serão decisivos. E se na energia elétrica já há grandes empresas como a EDP a assumir o compromisso para descarbonizar a produção de eletricidade, “na mobilidade é mais complexo porque envolve mudança de comportamentos”.

Do lado da EDP, o CEO interino, Miguel Stilwell d’Andrade, deu conta de mais de 20 mil milhões de euros investidos em renováveis e um portfólio de cerca mais de 20 GW em várias geografias, sublinhando o fim do carvão em Portugal já no início de 2021. Sobre a eletrificação dos transportes, é fundamental para alcançar a neutralidade carbónica, já que 25% das emissões globais de CO2 vêm dos transportes.

“Temos de garantir as infraestruturas necessárias. A Comissão Europeia anunciou que quer um milhão de pontos de carregamento elétrico até 2025 e três milhões até 2030, 15 vezes mais do que o atual. Na Europa já foram vendidos dois milhões de veículos elétricos e haverá 10 milhões na estrada até ao final deste ano. Portugal vai precisar de cerca de 20 mil pontos de carregamento nos próximos cinco anos. É preciso investimento na infraestrutura”, disse Stilwell d’Andrade, garantindo o compromisso da EDP com a mobilidade sustentável, já com mais de 1000 pontos de carregamento contratados em Portugal, Espanha e Brasil, e mais de 25 mil utilizadores na rede pública da empresa.

O CEO interino da EDP defende para Portugal “um modelo mais descentralizado e flexível de carregamento para a mobilidade elétrica”, tal como existe noutros países europeus.

Do lado do Governo, Matos Fernandes lembrou ainda que as verbas que Bruxelas vai entregar serão em grande parte investidas na mobilidade, que tem de ser cada vez mais “coletiva e elétrica”. Do enorme pacote financeiro comunitário, 30 a 35% será dedicado ao combate às alterações climáticas”: são 8 a 9 mil milhões de euros, “uma fatia muito expressiva do investimento”, rematou o ministro.

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