Os segredos conhecidos do novo Acordo da Concórdia

  • Jorge Girão
  • 17 Outubro 2020

Novo Acordo da Concórdia entrará em vigor no próximo ano e estender-se-á até ao final de 2025. As “três grandes” vão ter menos dinheiro.

Ao longo da história da Fórmula 1 foram assinados oito Acordos da Concórdia, a constituição da categoria, tendo o último sido ratificado no dia 10 do corrente mês pelo Conselho Mundial da FIA. Como é habitual, este documento está envolto em grande secretismo, mas existem alguns pormenores que podemos avançar.

O Acordo da Concórdia regula todos os aspetos comerciais e de governação da disciplina máxima do desporto automóvel, tendo todos os envolvidos – equipas, Formula One Management e FIA – cláusulas de confidencialidade, mas alguns pormenores vão transpirando através de diversas fontes.

Do anterior acordo era sabido que, dado entregar muito mais dinheiro às grandes equipas, promoveu um desequilíbrio no plantel e hoje Mercedes, Red Bull e Ferrari estão claramente num patamar competitivo diferente das demais – a “Scuderia” está este ano a ter um péssimo um ano, mas isso é circunstancial – devido ao seu poderio financeiro, algo que a FOM e a FIA pretendiam alterar com este novo contrato.

Assim, neste novo Acordo da Concórdia, que entrará em vigor no próximo ano e estender-se-á até ao final de 2025, as “três grandes” viram reduzidos os seus prémios monetários, libertando dinheiro para as restantes estruturas.

A Ferrari, face ao seu peso histórico e importância para a Fórmula 1, continua a ter um pagamento anual extra. Este valor é tirado do bolo dos lucros da FOM antes de qualquer divisão, crendo-se que valerá 5% do total. Se partirmos do princípio que haverá mil milhões de euros para distribuir, um número redondo para facilitar as contas, a formação transalpina tem à sua disposição 50 milhões de euros.

Posteriormente, haverá um fundo especial para as equipas com resultados históricos, o que implica que tenham terminado, pelo menos, uma vez no terceiro lugar do Campeonato de Construtores nos dez anos anteriores. Isto, atualmente, qualifica a Mercedes, a Ferrari, a Williams e a McLaren.

Estas equipas, e qualquer outra que termine em terceiro no período relevante, dividem entre si 20% dos dividendos da FOM, o que significa que 50 milhões de euros para cada uma, que se juntam, no caso da “Scuderia”, aos 50 milhões que aufere graças ao seu estatuto.

O que resta após destes pagamentos, 750 milhões de euros neste exemplo, será dividido por todas as equipas, mas sem que neste momento se saiba ainda em que moldes, apenas sendo do domínio comum que as primeiras classificadas recebem menos relativamente ao antigo Acordo da Concórdia, que este ano está ainda em vigor, e as últimas mais.

Para além de uma divisão mais equitativa dos prémios monetários pelas equipas, estas passam a ter o seu lugar no seio da categoria protegido, uma vez que qualquer estrutura que deseje entrar no Campeonato do Mundo de Fórmula 1 terá de pagar uma inscrição de 200 milhões de euros, valor que será dividido igualitariamente por todas as atuais concorrentes.

Desta forma, estas passam a funcionar como franchisings com um valor comercial de 200 milhões de euros. Porém, por outro lado, qualquer estrutura que deseje ingressar na categoria máxima do desporto automóvel terá de ter uma capacidade financeira muito desafogada, colocando, quase definitivamente, um fim em alguns projeto que se perfilavam no horizonte.

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