Elsa, Fabien, Lorenzo e Leslie causaram 500 milhões de euros de prejuízos em Portugal
Os números são de uma análise do IPMA e a sua divulgação visa contribuir para redução de riscos e melhorar a forma como se faz a comunicação do risco de natureza meteorológica.
De outubro de 2018 até dezembro de 2019, quatro tempestades nomeadas em Portugal originaram prejuízos estimados em 501 milhões de euros, segundo dados do IPMA compilados de um estudo que o Instituto levou a um congresso internacional de risco realizado recentemente em Coimbra.
O impacto económico de fenómenos naturais de origens diversas foi tema abordado em numerosas comunicações nacionais e estrangeiras apresentadas no V Congresso Internacional de Riscos (5º CIR).
O congresso organizado pela Associação RISCOS (Associação Portuguesa de Riscos Prevenção e Segurança), teve como objetivo temático recolher “Contributos da ciência para a redução do risco. Agir hoje para proteger o amanhã” e incluiu apresentação de um trabalho elaborado por meteorologistas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Quatro fenómenos naturais, regiões afetadas e perdas totais
Para dar uma ideia do nível de impacto económico destas quatro tempestades, o instituto refere que a soma de prejuízos corresponde a cerca de 0,24% do PIB nacional (cujo valor estimado foi de 212 mil milhões em 2019); 50% da linha de apoio à economia COVID-19 para Micro e Pequenas Empresas (1 000 milhões de euros, aberta em 5 agosto 2020) ou 10 vezes o orçamento do IPMA (55,8 milhões de euros em 2020).
Através da comunicação “Nomeação de tempestades em Portugal. Uma ferramenta de comunicação e redução de risco” os especialistas do IPMA analisaram 3 épocas de tempestades (desde o outono de 2017 até março de 2020) nomeadas pelo grupo do sudoeste Europeu que, além do organismo português, envolve os serviços meteorológicos de Espanha, França e Bélgica.
“A partir de dezembro de 2017 o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em articulação com outros serviços meteorológicos europeus passou a nomear depressões (referidas também em geral como tempestades) com valores previstos da intensidade do vento que justificassem a emissão de um aviso meteorológico a partir de nível laranja. Este mecanismo, por um lado, pretendeu uniformizar o processo já existente em algumas regiões da Europa e seguir o que já acontece com a atribuição de nomes a ciclones tropicais. Por outro lado, a atribuição de nomes pretendeu melhorar a forma de comunicação de risco de natureza meteorológica às entidades nacionais de proteção civil e à sociedade de uma forma geral”, explica o resumo da comunicação assinada pelos especialistas do IPMA, Nuno Moreira, Sandra Correia, Ilda Novo, Paula Leitão e Fernando Carvalho.
De acordo com uma nota do Instituto português de meteorologia, para além do impacto económico, o trabalho apresentado no CIR referiu, por exemplo, os seguintes factos para as três épocas: 36 tempestades extra tropicais foram nomeadas pelo grupo do sudoeste Europeu; 2/3 das tempestades nomeadas resultaram na emissão pelo IPMA de avisos meteorológicos pelo menos de nível amarelo; 581 certidões foram emitidas pelo IPMA, ao longo de 3 anos, na sequência de solicitação externa relativa a tempestades extra tropicais com nome; 40% das tempestades extra tropicais com nome deram origem à emissão pelo IPMA de, pelo menos, 10 certidões.
Nº de certificações emitidas pelo IPMA por tempestade para 3 épocas
Em síntese, o trabalho dos técnicos do IPMA sobre as três épocas de nomeação de tempestades (de outubro de 2017 a março de 2020) pretendeu contribuir para melhorar a forma como se comunica o risco e a natureza dos fenómenos meteorológicos às autoridades nacionais e à sociedade em geral. Por outro lado, a abordagem permitiu analisar “problemas sentidos em termos de comunicação no âmbito do rápido fluxo de informação nas redes sociais e meios de comunicação social”, ao nível dos termos científicos e da descrição dos fenómenos.
Ainda, de acordo com o resumo incluído no eBook do congresso, o trabalho dos meteorologistas portugueses focou-se também nos impactos resultantes de tempestades, por exemplo, “através de estatísticas relacionadas com o número e tipo de solicitações efetuadas junto do IPMA após os eventos”.
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