BCE mantém juros e estímulos contra a pandemia, mas abre a porta a ajuste em dezembro

Na reunião de política monetária desta quinta-feira, os governadores da Zona Euro não fizeram alterações nas taxas de juro ou compras de ativos. Esperam por novas projeções económicas para o fazer.

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu não fazer alterações nas taxas de juro de referência na Zona Euro ou nos programas de compra de ativos. Após reunião de política monetária desta quinta-feira, a instituição responsável pela moeda única lembra que, em dezembro, serão publicadas novas projeções económicas que irão permitir fazer ajustamentos.

“No atual ambiente em que os riscos estão claramente inclinados no sentido descendente, o Conselho de Governadores irá cuidadosamente avaliar a informação recebida, incluindo sobre as dinâmicas da pandemia, perspetivas de implementação de vacinas e desenvolvimentos da taxa de câmbio“, pode ler-se no comunicado do Conselho de Governadores que se reuniu esta quinta-feira.

A perspetiva dos analistas é que o agravamento do número de casos de Covid-19, e as medidas implementadas pelos países em reação, levem o BCE a reforçar estímulos no seu próximo encontro. A instituição liderada por Christine Lagarde irá nessa altura atualizar as projeções para a economia — atualmente estima uma recessão de 8% na Zona Euro este ano, antes de um crescimento de 5% em 2021 e 3,2% no ano seguinte — e admite corresponder à expectativa do mercado.

“A nova ronda de projeções macroeconómicas pelo staff do sistema europeu, em dezembro, irá permitir uma reavaliação minuciosa do outlook económico e do equilíbrio e riscos. Com base nessa avaliação, o Conselho de Governadores irá recalibrar os seus instrumentos, conforme seja apropriado, para responder à situação que se desenrola e assegurar que as condições de financiamento se mantêm favoráveis para apoiar a recuperação económica e contrariar o impacto negativo da pandemia nas projeções de inflação”.

Até lá, não fez quaisquer alterações aos instrumentos em vigor. O BCE vai, assim, continuar as aquisições no âmbito do programa de compras de emergência pandémica (PEPP) com um envelope total de 1,35 milhões milhões de euros. O plano atual é que as aquisições decorram até pelo menos ao final de junho de 2021 “e em qualquer caso até considerar que a crise do coronavírus está ultrapassada”. Depois disso, “o Conselho de Governadores vai reinvestir os pagamentos dos ativos que atinjam as maturidades até, pelo menos, ao final de 2022“.

Este programa decorre em simultâneo com o que já estava em vigor, no qual o BCE compra 20 mil milhões de euros em dívida por mês, tendo ainda disponível um envelope adicional de 120 mil milhões que pode usar até ao final do ano. Nem este programa nem as taxas de juro sofreram quaisquer alterações.

A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento continua em 0%, enquanto as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito permanecerão em 0,25% e -0,50%, respetivamente. Com o objetivo de mitigar os efeitos do juro negativo nos depósitos, o BCE tem em vigor um sistema de escalões a aplicar ao “pagamento” dessa taxa. Por último, leva ainda a cabo uma série de empréstimos a baixos custos conhecidos como targeted longer-term refinancing operations (TLTRO).

(Notícia atualizada às 13h05)

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