Lagarde ainda só usou metade da bazuca e já prepara reforço
O Banco Central Europeu poderá abrir caminho a um aumento do programa de estímulos associado à pandemia em 500 mil milhões de euros. Até agora, usou cerca de 617 mil milhões.
O agravamento da pandemia na Europa poderá ser razão para o Banco Central Europeu (BCE) reforçar a bazuca de combate à crise. Até agora, a instituição liderada por Christine Lagarde usou cerca de metade do envelope que tem disponível podendo anunciar um alargamento já esta quinta-feira, após a reunião do Conselho de Governadores. No entanto, a expectativa não é consensual entre analistas, que alertam que poderá haver discórdia entre os decisores políticos.
“Mais infeções, mais restrições e mais alívio na política monetária? O BCE poderá preparar o caminho para mais estímulos em dezembro, sem mostrar as cartas”, diz Carsten Brzeski, global head of macro do ING. O banco de investimento — que lembra que ao contrário do que acontecia com Mario Draghi, Christine Lagarde é mais difícil de ler — antecipa que haja um aumento do programa de compra de ativos normal e em vez do programa pandémico.
A instituição liderada por Christine Lagarde lançou, em meados março, um programa de emergência pandémica (PEPP, na sigla em inglês) com 750 mil milhões de euros para comprar dívida pública e privada dos países da Zona Euro até ao fim do ano, tendo posteriormente reforçado o envelope para 1,35 biliões de euros.
Os últimos dados agregados (divulgados semanalmente) indicam que o BCE detém quase 616,9 mil milhões de euros em dívida comprada no âmbito do PEPP, ou seja, gastou cerca de metade do envelope. Grandes economias como a Alemanha, Itália ou França estão entre as mais beneficiadas. No caso de Portugal, o BCE tinha comprado 11.649 milhões de euros no final de setembro (data dos últimos dados disponíveis por país).
Fonte: Banco Central Europeu
Além do PEPP, o BCE continuou com o programa de compra de dívida que já tinha em curso, a um ritmo mensal de 20 mil milhões de euros e até o reforçou com um envelope temporário de 120 mil milhões a ser usado também até ao final de 2020. Entre os vários programas, os economistas consultados pela Bloomberg antecipam um aumento dos estímulos em 500 mil milhões de euros. Poderá, no entanto, fazê-lo só mais tarde.
“O BCE não precisa fazer nenhum anúncio de política na reunião de outubro, mas deve enfatizar a sua disposição para fazer futuras intervenções em face de uma deterioração nas perspetivas macroeconómicas”, refere Franck Dixmier, global CIO fixed income da Allianz Global Investors. “Perante a deterioração das perspetivas económicas e a baixa inflação no contexto do agravamento da crise sanitária, Christine Lagarde deve afirmar veementemente a sua disposição para tomar medidas adicionais de suporte monetário no final do ano“.
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