Altice suspende “qualquer relacionamento institucional” com Anacom

Depois de a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) ter afirmado que os preços das telecomunicações subiram em Portugal e caíram na Europa, a Altice decidiu suspender “qualquer relacionamento institucional”, acusando o regulador de insistir em “comparar o que não é comparável”, contribuindo para um “contexto regulatório fomentador da desconfiança” e da “imprevisibilidade”.

“A Altice Portugal é uma vez mais forçada a reagir a nova comunicação da Anacom, que insiste em ludibriar o país, em atacar e denegrir o setor das telecomunicações em Portugal“, começa por referir a empresa liderada por Alexandre Fonseca, em comunicado enviado esta quarta-feira.

Esta terça-feira, a Anacom, citando dados do Eurostat, afirmou que os preços das telecomunicações em território nacional aumentaram 6,5% entre final de 2009 e outubro de 2020 enquanto na União Europeia caíram 11%. Uma comunicação que não foi bem recebida pela Altice.

Para a dona da Meo, isto “não passa de mais uma inverdade para prejudicar o setor, tentando camuflar a gravíssima situação ao redor do leilão da tecnologia 5G, cuja responsabilidade é exclusivamente da própria Anacom”. O regulador “insiste em comparar o que não é comparável, contribuindo apenas para a promoção de um contexto regulatório fomentador da desconfiança, da imprevisibilidade e da promoção do desinvestimento”.

A Altice afirma que há três anos que a Anacom não realiza “qualquer estudo de preços ou análise de mercado”, tendo optado por “socorrer-se dos dados do INE, e dos dados que este instituto fornece ao Eurostat, que são indicadores que não devem nem podem ser utilizados para análises de preços, pois não permitem uma análise real e verdadeira”.

Assim, e justificando também com o “atual contexto” em que “toda a economia nacional e seus agentes se sentem já esclarecidos e reconhecem o quão mal este regulador tem feito por Portugal”, a Altice afirma: “sentimo-nos completamente legitimados em suspender, a partir de agora, qualquer relacionamento institucional com a Anacom, que não o que obriga a lei”.

A empresa termina, afirmando ser ainda “lamentável que outras instituições com elevadas responsabilidades no país não atuem de forma a erradicar tanta irresponsabilidade e dar espaço ao diálogo razoável e construtivo, evitando consequências desastrosas que prejudicarão em muito o país, a economia e a sociedade”.