Natal pode trazer terceira vaga. Especialistas contra alívio das restrições

Os especialistas de saúde acreditam que o Natal vai levar a um aumento do número de contágios que, por sua vez, poderá conduzir a uma terceira vaga da pandemia em janeiro.

O Presidente da República questionou os especialistas sobre as melhores decisões a tomar relativamente ao Natal e ao final do ano, ao que estes defenderam que um aliviar significativo das medidas poderá ser prejudicial para o país. Alertando que esses dias podem trazer uma terceira vaga da pandemia, estes profissionais aconselham o Governo a manter as medidas, ou pelo menos a aliviá-las ligeiramente.

“Como é que veem dezembro em relação ao início de 2021? No quadro das medidas a adotar, como veem a questão — nomeadamente Natal e fim de anos — da deslocação e mobilidade das pessoas?”, questionou Marcelo Rebelo de Sousa esta quinta-feira, dirigindo-se aos especialistas em saúde que estavam presentes na reunião que o Governo convocou no Infarmed.

A primeira resposta veio do professor de Epidemiologia, Manuel Carmo Gomes, que começou por se mostrar “otimista” em relação ao final do ano, notando, contudo, que tudo vai “depender do avaliar das medidas e da adesão dos portugueses”. “Está ao nosso alcance conseguir uma redução muito significativa do número de casos, desde que não se alterem os comportamentos e que as medidas que estão implementadas não sejam aliviadas significativamente“, justificou.

Espera-se que haja um ressurgimento no início de janeiro. Mas espero que não seja muito grande e que consigamos controlá-lo.

Manuel Carmo Gomes

Professor de Epidemiologia

Manuel Carmo Gomes continuou, afirmando ser “evidente” que o Natal vai aumentar o número de contágios devido aos encontros entre as famílias, e que isso vai refletir-se passados 15 dias. “Espera-se que haja um ressurgimento no início de janeiro. Mas espero que não seja muito grande e que consigamos controlá-lo”, disse. Mas, apesar de defender a continuidade das medidas, o especialista acrescentou, contudo, que tem “dificuldade” em estabelecer uma associação entre certas medidas que foram adotadas e os efeitos que essas têm na evolução da incidência.

A mesma opinião foi defendida por Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, que começou por dizer que “quanto mais se conseguir reduzir a incidência, mais probabilidades há de que a curva seja menor”. Assim, o especialista defendeu que a primeira mensagem a passar é para “tentar reduzir mais ainda a incidência até esse período” do Natal e do Ano Novo e “tentar ao máximo” reduzir os contactos antes e após.

Baltazar Nunes foi ainda mais longe e propôs a adoção de um mecanismo adotado pelo Governo britânico: “Christmas bubbles”, que permitem reduzir “os contactos ao grupo com quem vai estar no Natal”.

Também presente na reunião esteve Henrique de Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, que referiu que é importante garantir que “quando o vírus tenta entrar, encontre a porta fechada”. Isso, explicou, “diminui a probabilidade de mais infeções e de uma terceira onda, ou pode fazer com que esta seja menos expressiva”.

Creio que fará sentido aguardar que as incidências baixem e à medida que forem baixando, as medidas vão sendo levantadas.

Baltazar Nunes

Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto

Assim, salientando a importância da vacinação na tentativa de evitar uma terceira vaga da pandemia, o especialista defendeu, também, a continuação das medidas para além do Natal e do final do ano. “Creio que fará sentido aguardar que as incidências baixem e à medida que forem baixando, as medidas vão sendo levantadas”, disse.

Contudo, tal como Manuel Carmo Gomes, também Henrique de Barros diz haver “razões para se estar um pouco mais confiante” na preparação do país para uma “eventual subida daqui a pouco tempo”.

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