Reino Unido faz história ao arrancar hoje com plano de vacinação contra a Covid-19
Plano britânico de vacinação contra a Covid-19 começa esta terça-feira. Idosos com mais de 80 anos, utentes e profissionais de lares, bem como trabalhadores dos serviços de saúde têm prioridade.
É o dia D (ou V de vacina) para o Reino Unido. Numa altura em que a Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) estão a analisar o pedido de aprovação da vacina contra a Covid-19 da Pfizer e da Moderna, o Reino Unido arranca esta terça-feira o plano nacional de vacinação contra o novo coronavírus. Idosos com mais de 80 anos e utentes e profissionais de lares, bem como trabalhadores dos serviços de saúde vão ser os primeiros.
Considerado o país europeu mais afetado pela crise pandémica, com mais de 61 mil mortos e mais de 1,7 milhões de infetados por Covid-19, o Reino Unido faz história, tornando-se no primeiro país do mundo a dar “luz verde” à utilização de emergência da vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pela farmacêutica Pfizer em conjunto com a empresa alemã BioNTech, bem como o primeiro país ocidental a iniciar a sua campanha de vacinação.
Os hospitais do Reino Unido já receberam 800 mil doses, mas até ao fim do ano são esperadas mais quatro milhões de doses, revelou o secretário de Estado da Escócia, Alister Jack, num artigo de opinião citado pela CNN (acesso livre, conteúdo em inglês). No total, o Reino Unido já comprou 40 milhões de doses da vacina da Pfizer — , o que permite proteger 20 milhões de pessoas, uma vez que esta vacina se administra com duas doses num espaço de cerca de três semanas, — mas a maioria só vai chegar no próximo ano.
É, por isso, necessário estabelecer um plano por fases. Quanto aos grupos prioritários a quem vai ser administrada a vacina, o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock já tinha adiantado que os primeiros grupos que vão receber a vacina serão “os mais vulneráveis e aqueles com mais de 80 anos”, bem como os funcionários de lares e residências seniores e do serviço de saúde público britânico, tal como vai suceder em Portugal. Além disso, vários jornais britânicos avançaram no domingo que a rainha Isabel II, de 94 anos, e o seu marido, o príncipe Filipe, de 99 anos, serão vacinados em breve e que planeiam torná-lo público de forma “a encorajar o maior número possível de pessoas a serem vacinadas”.
Assim, e tal como está previsto acontecer em Portugal, o serviço nacional de saúde britânico está há alguns dias a identificar estes grupos prioritários e a contactá-los para que sejam vacinados. “É importante que as pessoas aguardem o contacto do NHS para receberem a vacina. Há um exercício rigoroso e em grande escala já em andamento por parte dos centros hospitalares e dos parceiros locais para identificar e contactar as pessoas que serão as primeiras a ser vacinadas. Isso vai ajudar a que o processo seja realizado da forma mais suave possível”, explicou June Raine, diretora executiva da Autoridade Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido, ao The Guardian.
Forças Armadas chamadas a ajudar na logística
É entre o otimismo e as reservas face ao enorme desafio que arranca esta terça-feira o plano de vacinação contra a Covid-19 em Inglaterra, País de Gales e Escócia. A Irlanda do Norte anunciou que começaria a administrar a vacina também esta semana, mas não especificou o dia. Neste sentido, e ao contrário do que vai acontecer em Portugal — cuja vacinação vai ser realizada numa primeira fase nos centros de saúde –– só em Inglaterra a vacina vai começar a ser administrada em 50 hospitais, sendo que posteriormente juntar-se-ão mais de mil centros de vacinação compostos por especialistas em medicina geral e familiar, de acordo com o Ministério da Saúde britânico.
A distribuição foi descrita pelo primeiro-ministro Boris Johnson como uma enorme operação logística, enquanto o ministro da Saúde Matt Hancock destacou o “momento histórico”. Da mesma forma, Stephen Powis, responsável pelo Serviço Nacional de Saúde britânico, confirmou que “vai levar muitos meses até vacinarmos todas as pessoas que precisam da vacina”, em declarações citadas pelo The Guardian (acesso livre, conteúdo em inglês). Sublinhou que esta é a maior e mais complexa campanha de vacinação na história do país.
O processo será acompanhado de perto por todo o mundo. Tal como a acontece em Portugal, todo o planeamento e logística está a cargo das Forças Armadas britânicas. Com uma eficácia de 95% nos resultados da fase três do ensaio clínico, as especificidades da Pfizer/BioNTech levam a que esta necessite de uma conservação a 70 graus negativos, pelo que as doses têm de ser transportadas por uma empresa especializada e o respetivo descongelamento demora várias horas.
Uma vez retiradas dos congeladores “especiais” (de ultrabaixa temperatura), o regulador britânico exige que as doses sejam mantidas congeladas e utilizadas até cinco dias. Uma vez selados, estes lotes só poderão ser reembalados em caixas com um número menor de doses, bem como, um número restrito de vezes e sob condições muito estritas. A partir do momento em que as doses são diluídas para a injeção, não podem ser transportadas e devem ser utilizadas num prazo de seis horas ou deitadas fora, descreve a CNN.
A par da estabilidade dos componentes, a segurança está também no topo das preocupações. Por isso, as primeiras doses que saíram de Puurs, uma pequena cidade belga de cerca de 17 mil habitantes, chegaram ao Reino Unido no final da noite de quinta-feira foram transportadas por uma frota de camiões não identificados para instalações de armazenamento não divulgadas em Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte, por forma a evitar roubos de redes criminosas.
Numa altura em que Reino Unido e União Europeia tentam chegar a acordo para o Brexit, o governo britânico está a acautelar que um no deal possa fechar fronteiras terrestres e marítimas a partir de 1 de janeiro. Na notícia avançada pelo The Guardian, fontes oficiais dos ministérios da Saúde e da Defesa confirmaram que, a partir dessa data, serão acionados planos de contingência da Força Aérea para impedir qualquer demora na entrega das vacinas.
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