Acionista da Fnac e investidor particular querem lojas da Phone House e podem salvar 140 empregos
A Phone House tem já duas propostas para a venda das 36 lojas e que permitem salvar 78% dos postos de trabalho. Acionista da dona da Fnac e investidor chinês pagam pelo menos 287 mil euros no total.
O administrador de insolvência da Phone House quer proceder à venda antecipada das 36 lojas da marca falida de comércio de telemóveis. Numa comunicação enviada ao Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, publicada no Citius, Pedro Correia revela que tem já duas propostas de compra no valor global de 287 mil euros, acrescido de stocks, que permitem salvar 140 dos 179 postos de trabalho da empresa — isto é, mais de 78% do total.
Uma das propostas de compra foi apresentada pelos franceses do grupo Indexia, o segundo maior acionista da Fnac Darty, grupo que tem as lojas da Fnac também em Portugal.
A proposta abrange a transmissão de um total de dez lojas, nomeadamente três da marca Phone House, seis geridas da marca Samsung e a loja da Huawei no Colombo. O preço de compra é de 219 mil euros, acrescido até ao limite de 69.001 euros com base no stock existente à data da transação. Salvaguarda 60 postos de trabalho num conjunto de estabelecimentos que gerou quase 12,3 milhões de euros em volume de negócios em 2019.
A segunda proposta, apresentada por um investidor chinês, incide sobre as restantes lojas da Phone House em centros comerciais espalhados pelo país, incluindo a loja que a retalhista mantém com marca própria no Colombo, em Lisboa. Em 2019, estes estabelecimentos geraram 13,4 milhões de euros em volume de negócios.
O preço de compra é de 68 mil euros, acrescido de 20% do valor do stock existente à data da transação (estimado em 200 mil euros), e deverá permitir salvaguardar 80 postos de trabalho. Concretamente, o comprador é a sociedade unipessoal GratuitVersatile, gerida por Ye Xuane, com sede na Quinta do Conde.
Acerca da primeira proposta, o administrador de insolvência considera-a “a melhor em termos comparativos”. Destaca a “credibilidade da entidade”, bem como o “know-how e capacidade de prosseguir a implementação da proposta”. Sobre a segunda proposta, Pedro Correia refere que a mesma “assume as restantes lojas que a anterior não pretende” e assume ainda 45% do quadro atual de trabalhadores da Phone House, além do stock.
Venda antecipada poupa massa insolvente
Numa comunicação enviada ao Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, ao abrigo da insolvência da Phone House, o administrador diz pretender avançar para a “venda antecipada dos bens que compõem o ativo da massa [insolvente]” em duas operações que envolvem a “totalidade dos estabelecimentos” da empresa. Pedro Correia argumenta ainda que a venda permitirá gerar poupanças.
“A venda imediata de tais estabelecimentos é de todo benéfica à massa, na medida em que, quanto mais tempo decorrer, menor será a duração remanescente dos contratos de arrendamento/utilização do espaço, maior será a antiguidade dos colaboradores a transitar e consequentemente menor será previsivelmente o valor das propostas”, lê-se no documento.
Apesar de reconhecer que a atual conjuntura da Covid-19 pode dar origem a desistências nas propostas ou “fazer com que as mesmas sejam de valor mais reduzido”, o administrador de insolvência diz ainda que, “enquanto se mantiver a atual situação, incumbirá à massa insolvente o pagamento não só das rendas, como de todos os encargos com os colaboradores, pelo que da venda antecipada dos estabelecimentos também decorrerá uma redução, ou melhor, extinção dos custos mensais para a massa com a manutenção da atividade”.
A salvaguarda dos postos de trabalho é outro aspeto que o administrador tem em conta com estas operações: “Desde a data de declaração de insolvência que o aqui signatário tem auscultado o mercado no sentido de verificar a existência de interessados na prossecução da atividade nos estabelecimentos de propriedade da massa, procurando que tais interessados possam absorver o maior número possível de colaboradores, minimizando desta forma o impacto que uma liquidação teria quer em termos sociais, quer em termos patrimoniais”, reconhece Pedro Correia.
Segundo o administrador de insolvência, as vendas permitem “salvaguardar 140 postos de trabalho” de um total de 179 colaboradores que a falida Phone House tem neste momento, “para além de poupar à massa as indemnizações”.
Phone House deve 11,6 milhões de euros
A Phone House foi declarada insolvente em outubro, depois de a empresa ter falhado a aprovação de um Processo Especial de Revitalização (PER) pelos credores. “O impacto da pandemia [da] Covid-19 e a não aprovação do PER provocou o encerramento da Phone House – Portugal, uma empresa de referência no retalho de telecomunicações no mercado nacional”, disse ao ECO, na altura, fonte oficial da empresa.
Em causa está uma dívida de 11,6 milhões de euros, a maior parte a bancos. Ao BCP deve 3,9 milhões de euros, seguindo-se o Santander (1,74 milhões), a Caixa Geral de Depósitos (924,7 mil) e o BPI (167,6 mil). Do lado dos fornecedores, a marca deve também 1,2 milhões de euros à Samsung.
Foi em maio que o ECO noticiou em primeira mão a situação financeira débil da Phone House. Nesse mês, fonte oficial da empresa explicou que “após uma reestruturação que resultou em dois períodos consecutivos com melhoria de performance, a situação financeira da empresa agravou-se no último ano, em virtude de vários fatores, dos quais se destacam um mercado bastante competitivo”. A pandemia veio dar a machadada final.
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