Estes ninjas ajudam as marcas a “vigiar” os seus pontos de venda

Fundada em 2019, a plataforma de data as a service (DaaS) tem como base o crowdsourcing e permite às marcas avaliar a sua presença no ponto de venda, em tempo real.

Missão no supermercado? É para já. Os ninjas da Brands&Ninjas estão preparados para qualquer desafio. Só que esta não é uma plataforma qualquer. Foi a pensar na forma como as marcas geriam e verificavam a sua presença em loja que nasceu o projeto. A ideia de Hugo Varrúcio surgiu depois de observar um linear (superfície de exposição e promoção do produto) com promoções cujos produtos não correspondiam ao que estava anunciado. “E se eu enviasse esta informação à marca? Não seria essa informação valiosa?”, pensou.

Com mais de 15 anos de experiência no setor do retalho, Hugo começou a explorar possibilidade de poder melhorar a análise das marcas nos pontos de venda, através da tecnologia. E, ao conversar com José Pedro Moura, empreendedor em série e já com dois exits no currículo, decidiram avançar. Com outros dois sócios, Tony Gonçalves e Miguel Antunes, fundadores da RedLight Software, responsável pela criação da plataforma, foram desenhando aquilo que é, hoje, a Brands&Ninjas: uma plataforma que crie um diálogo entre as marcas, os locais onde elas escolhem estar presentes e a multidão.

Nessa relação, a “multidão” é chave: você pode bem ser um “olheiro” que garante que os expositores estão cheios e colocados no sítio certo. E ganhar dinheiro com isso.

Os fundadores da Brands&Ninjas Tony Gonçalves, José Pedro Moura, Miguel Antunes e Hugo Varrúcio.D.R.

“Queremos ajudar as marcas a perceberem como estão representadas no ponto de venda: as marcas fazem investimentos avultados para terem espaço extra, expositores, para conseguirem evidenciar-se numa loja. Fazem estes investimentos mas controlam pouco se estão implementados. A nossa plataforma aparece para complementar o trabalho que as equipas próprias fazem. O nosso objetivo não é substituir as equipas comerciais ou de outsourcing que estão a trabalhar para determinada marca, mas sim dar informação de suporte em tempo útil que reforce e otimize as suas funções”, assinala José Pedro Moura, cofundador da Brands&Ninjas.

As marcas definem o que querem que seja avaliado no ponto de venda e lançam “missões” aos ninjas, indicando também o valor pago por cada missão. Tome-se como exemplo a observação da “ilha com a promoção de 50% do produto x”, explica a startup. Depois de lançado o desafio, a missão começa: os ninjas terão de enviar uma ou várias fotografias da ilha, por exemplo, sempre georreferenciadas e com notas da hora, assim como respostas a perguntas fechadas sobre a interação ou a apresentação da marca no local. “Vão em missão, que se pretende que seja rápida e bem paga”, assinala o fundador.

A trabalhar com a Delta, a Sonae e a Navigator estão, por agora, os primeiros 100 ninjas “recrutados” pela startup. A ideia é que as missões deixem de ser argumentos de deslocação dos ninjas, e que passem a ser apenas “uma tarefa” que estes aproveitam para fazer numa deslocação a uma grande superfície, por exemplo.

Através dos inputs enviados pelos ninjas, a comunidade consegue completar uma avaliação a nível nacional em 72 horas (valor de referência para uma auditoria a cerca de 800 lojas), entregando métricas à marca muito mais rápido do que as próprias equipas.

Ninjas há muitos

José Pedro Moura explica que qualquer pessoa maior de idade pode ser ninja: esse é o requisito mínimo. Mas há mais. “O ninja pode ser qualquer pessoa a partir dos 18 anos que tenha um smartphone e que nos possa passar um recibo verde. Quem são os nossos, por enquanto? Geralmente, um early adopter, estudantes que querem mais algum dinheiro ao final do mês. Mas começámos a perceber que muitas pessoas são mulheres entre os 35-45 anos, provavelmente aproveitando as deslocações enquanto fazem as compras lá para casa. A ideia é que as pessoas já estejam nos locais e aproveitem para fazer as missões”, assinala o empreendedor.

“Temos centenas de missões todos os meses mas que não dão para todos os ninjas. Estamos a escolher, e abrindo mais ninjas à medida que vamos tendo mais missões. Estamos com mais de 100 ninjas”, explica, em conversa com o ECO. A ideia é que, a partir do momento em que os pedidos de missão ficam disponíveis na plataforma, o ninja as veja, reserve a missão e a conclua em 20 minutos. Isso inclui tirar fotografias e responder a perguntas fechadas, que permitirão às marcas alavancar os dados analisados. Cada missão é paga à Brands&Ninjas pela marca, dependendo do número de dias estipulados para a mesma. Por cada missão individual concluída, o ninja recebe três euros. Disponível para iOS e Android, os ninjas podem consultar as missões disponíveis perto de si.

Fundada em 2019, a Brands&Ninjas conta atualmente com uma equipa de 13 pessoas, dedicadas à construção e desenvolvimento da plataforma e do negócio. Os próximos passos da startup passam pelo crescimento no mercado português e, dentro de um ano, pela internacionalização. “Portugal é um bom laboratório mas não conseguiremos sobreviver só estando neste mercado. Queremos internacionalizar, pensamos nisso depois de estarem as coisas estruturadas. Pensamos muito nos nossos vizinhos espanhóis. O que está pensado é que entre o 12.º e o 15.º meses, sendo que o primeiro foi o de novembro”, aponta José Pedro Moura.

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