Há mais renováveis, mas fósseis são 74% da energia disponível em Portugal

Em 2019, os combustíveis fósseis representavam 71% da energia bruta disponível na UE. Portugal está acima da média europeia, com 74% da energia disponível no país a vir de fontes poluentes

Nas últimas décadas, a energia produzida através de combustíveis fósseis diminuiu significativamente, muito devido também à aposta nas fontes renováveis mais “amigas” do ambiente. Ainda assim, há um grande caminho pela frente. Em 2019, os combustíveis fósseis representavam 71% da energia bruta disponível na União Europeia (UE).

Quanto a Portugal, está um pouco depois do meio da tabela — empatado com a vizinha Espanha e com a República Checa — e ligeiramente abaixo da média europeia, com 74% da energia bruta disponível no país a ter como origem os combustíveis poluentes. Ainda assim, Portugal está à frente de países com a Bélgica (76%) ou a Alemanha (80%). Em contraciclo, Malta é o país europeu com a maior quota de combustíveis fósseis na energia que tem à disposição (97%), seguida pelo Chipre e Holanda (ambos com 92%).

Nos dados que reportam a 2019, mais de dois terços (71%) da energia bruta disponível no bloco comunitário teve como origem os combustíveis fósseis, segundo os dados revelados esta quinta-feira pelo Eurostat. No espaço de três décadas, ou seja, desde 1990 — o primeiro ano para o qual o gabinete europeu de estatísticas tem dados — a quota de combustíveis fósseis presente na energia disponível na UE diminuiu 10,9 pontos percentuais, o que revela que esta percentagem tem diminuído significativamente, à medida que crescem as preocupações ambientais.

De acordo com o Eurostat, da lista de combustíveis fósseis fazem parte o carvão e produtos de carvão, gás natural, petróleo bruto e produtos de petróleo, turfa e produtos de turfa, xisto betuminoso e areias betuminosas, resíduos municipais e industriais não renováveis.

Quanto à “energia bruta disponível” significa o fornecimento total de energia para todas as atividades no território de cada país. Inclui a transformação de energia (produção de eletricidade a partir de combustíveis), perdas de distribuição e uso de produtos de combustíveis fósseis para fins não energéticos (por exemplo, na indústria química), combustível fóssil usado para transporte, combustível para aviação internacional, bunkers marítimos internacionais e transporte rodoviário (“turismo de combustível”).

Evolução da percentagem de combustíveis fósseis na energia disponível na UE entre 1990 e 2019Fonte: Eurostat

Acima de tudo, os dados mostram que o Velho Continente ainda depende fortemente dos combustíveis fósseis e está longe de atingir a meta de Bruxelas: chegar a 2050 sem necessidade de recorrer a fontes poluentes para garantir o abastecimento elétrico, sustentar a rede de transportes ou alimentar a produção industrial nos seus Estados membros.

De acordo com o Eurostat, em 2019 a Suíça era o país da UE que menos percentagem de combustíveis fósseis tinha na sua energia disponível (32%). Contas feitas, é menos do dobro da média europeia. Segue-se a Finlândia (43%), França (50%) e a Letónia (61%).

Percentagem de combustíveis fósseis na energia disponível na UE em 2019Fonte: Eurostat

Numa análise mais fina, o Eurostat mostra que nos últimos 10 anos, apenas a Lituânia aumentou a sua quota de combustíveis fósseis na energia bruta disponível em 10 pontos percentuais (de 56% em 2009 para 66% em 2019), ao passo que a maior redução foi atingida na Dinamarca de 83% para 64%, isto é 19 pontos percentuais. Neste aspeto, a Dinamarca é seguida de perto pela seguida de perto pela Estónia (86% para 73%), bem como pela Finlândia (56% para 43%), ambos com uma queda de 13 pontos percentuais.

Já olhando apenas para a evolução de 2018 a 2019, oito países mantiveram-se estáveis e apenas a Letónia e a Áustria aumentaram a sua quota de combustíveis fósseis na energia bruta disponível, cada um desses Estados-membros em 1 ponto percentual. Em contrapartida, as maiores reduções aconteceram na Estónia com uma queda de 12 pontos percentuais e na Eslováquia (4 pontos percentuais), seguidas ela Bélgica e Dinamarca (ambas com 3 pontos percentuais). Relativamente a Portugal, o país reduziu a quota em 1,87 pontos percentuais, passando de 76,32% em 2018 para 74,45 no ano seguinte.

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