Atrasos na vacinação adiam imunidade de grupo na UE para o final de 2022. E isso custa milhões à economia

Estudo desenvolvido pela Euler Hermes estima que que cada cinco semanas de atraso na vacinação podem custar 90 mil milhões de euros à economia europeia

Se o processo de vacinação na União Europeia continuar a decorrer à velocidade atual, a imunidade de grupo das populações só será atingida no final de 2022. A conclusão é de um estudo desenvolvido pela companhia de seguros de crédito Euler Hermes, que indica ainda que cada cinco semanas de atraso na vacinação podem custar 90 mil milhões de euros à economia europeia.

O estudo mostra que a velocidade do processo de vacinação terá de ser seis vezes mais rápida do que aquela que tem existido até ao momento, para que a Comissão Europeia consiga alcançar o seu objetivo de vacinar 70% da população adulta até ao verão de 2021. À velocidade atual, só será possível atingir a imunidade de grupo no final de 2022, mostra o documento.

No que toca ao impacto económico do atraso do plano de vacinação da Comissão Europeia, o documento esclarece ainda que os custos acumulados durante estas cinco semanas de atraso já superaram o equivalente a 50 mil milhões de euros. Cada atraso de temporalidade semelhante poderá resultar em custos na ordem dos 90 mil milhões para os cofres europeus, indicam estas estimativas.

A vacinação é “a chave da recuperação económica”, ao ter a capacidade de multiplicar o “investimento e consumo privado”. Efetivamente, o estudo estima assim que um euro gasto na aceleração do processo de vacinação — através do aumento da produção de vacinas ou do desenvolvimento de infraestruturas para essa finalidade — poderia ser capaz de poupar aos países da União Europeia quatro euros que se perderiam devido a quebras na produção dos mais diversos setores.

Por essa mesma razão, o estudo fala de “um primeiro trimestre negro” no âmbito económico, na medida em que a vacinação apenas terá um efeito significativo “na segunda metade do ano”. Tudo isto porque cada semana de restrições à economia leva o crescimento trimestral do PIB a decrescer 0,4 pontos percentuais, de acordo com o documento.

Atualmente, são vários os setores de atividade que, dentro do contexto europeu, se encontram em situação de risco bastante elevado. É este o caso dos fornecedores do setor automóvel, dos transportes e dos têxteis, revela o estudo.

E se certos setores podem já esperar retomar a sua atividade em 2021, como a construção, a eletrónica e as telecomunicações, outros deverão ter de esperar até 2023. O documento refere que o transporte aéreo e o retalho não alimentar só deverão conseguir recuperar da crise por essa altura.

Insolvências devem crescer em Portugal

Olhando para as consequências económicas da pandemia em contexto nacional, pode esperar-se um aumento no número de insolvências de empresas em Portugal, de acordo com as estimativas do economista-chefe da Allianz e Euler Hermes, presentes em comunicado. Ludovic Subran prevê que, em 2021, se registe um aumento de 23% neste âmbito, valor que baixa para os 11% em 2022. A evolução deverá ser idêntica nos destinos para os quais Portugal exporta, como é o caso de Espanha, França, Alemanha e Reino Unido.

E se durante os primeiros três meses do ano podemos esperar um cenário de quebra do PIB nacional, na ordem dos -5,2%, as estimativas do economista apontam para uma situação mais favorável para os tempos que se seguem. Efetivamente, tal tendência deverá inverter-se, com a economia a crescer 3,9% no segundo trimestre e 5,5% no terceiro.

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