Empresas “preocupadas com falta de visão estratégica” do PRR

As confederações patronais saíram insatisfeitas da reunião com o Governo sobre o PRR, criticando "o desequilíbrio entre o investimento público e o apoio às empresas".

As confederações patronais salientam que há um “claro desequilíbrio” entre o investimento público e os apoios às empresas, no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O presidente da Confederação do Comércio e Serviços (CCP), João Vieira Lopes, sublinha que o plano em causa é “uma grande desilusão”, faltando-lhe “visão estratégica”. E o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, considera que a fatia do investimento prevista para o privado “compara mal” com a fatia dirigida ao setor público, sendo necessário apostar num crescimento “saudável e sustentável” da economia nacional.

“Há um claro desequilíbrio entre o investimento público e o apoio às empresas. Para áreas como o comércio e serviços, não há praticamente referência nenhuma“, destacou João Vieira Lopes, em declarações à RTP 3, após a reunião desta terça-feira do Conselho Económico e Social (CES), no âmbito da consulta pública do PPR.

O líder da CCP frisou que, como está, o plano em causa dedica apenas 24% do total de investimento às empresas, sendo que, neste momento, seria essencial apostar nessas empresas para criar emprego e evitar um aumento exponencial do desemprego. “Nesse ponto de vista, o plano é claramente limitado”, considera Vieira Lopes, indicando que, tudo somado, o PRR é “uma grande desilusão”.

A confederação que representa o comércio e os serviços irá apresentar, na próxima semana, um conjunto de proposta no âmbito do PRR, estando agora a consultar os diversos setores que integra. “Saio preocupado com a falta de visão estratégica deste plano“, acrescentou ainda João Vieira Lopes.

Também à RTP 3, à saída da mesma reunião, o líder da CIP defendeu que é preciso ter uma “visão integrada” do PRR, do quadro financeiro plurianual e do remanescente do PT2020. “É no conjunto destes três programas que a economia portuguesa tem de ser repensada“, afirmou António Saraiva.

Tal como para João Vieira Lopes, para o presidente da CIP, a aposta do PRR no investimento público “compara mal” com a fatia dedicada às empresas privadas. “São 27% que serão diretamente canalizados para as empresas, se não considerarmos o eixo das competências e qualificações. Se o considerarmos, serão 35%, o que compara mal com os 65% da parte pública”, sublinhou Saraiva.

O responsável aproveitou também para salientar que o Estado português “compara muito mal” com outros países europeus no apoio prestado às empresas na luta contra os efeitos da pandemia de coronavírus e rematou dizendo: “Aquilo que desejamos é que o quadro financeiro plurianual e que os 11,2 mil milhões que ainda estão disponíveis no PT2020 sejam realocados, disponibilizados em apoios concretos que coloquem a economia portuguesa num saudável e sustentável crescimento, promovendo fusões e concentrações, promovendo a qualificação dos nossos recursos humanos, gerando condições para a internacionalização”.

Num vídeo divulgado na segunda-feira, o primeiro-ministro garantiu que o PRR destina diretamente às empresas 4,6 mil milhões de euros, aos quais se somam outros apoios indiretos, além de contratos por programas de habitação ou obras públicas. Os empresários consideram, contudo, que esse valor é inferior ao desejável.

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