BCP prepara-se para encaixar 30 milhões com Campo Pequeno
Campo Pequeno foi vendido em 2019 a Álvaro Covões e ao fundo de Pires de Lima e de Sérgio Monteiro. Agora, o BCP, o maior credor da sociedade, poderá reaver 30 milhões dos 86 milhões que emprestou.
O BCP BCP 0,00% prepara-se para encaixar quase 30 milhões de euros com o Campo Pequeno, em Lisboa, que foi vendido há dois anos ao empresário Álvaro Covões e ao fundo Horizon Equity Partners, de António Pires de Lima e Sérgio Monteiro.
O banco liderado por Miguel Maya é o maior credor da Sociedade de Renovação Urbana do Campo Pequeno, que entrou em processo de insolvência em 2014 e cuja liquidação se tem arrastado até aos dias de hoje, com créditos reconhecidos pelo tribunal na ordem dos 86 milhões de euros.
Entretanto, na semana passada, a administradora judicial Paula Mattamouros Resende apresentou junto do tribunal da Comarca de Lisboa, onde corre o processo de insolvência do Campo Pequeno, um mapa de rateio parcial com uma proposta de distribuição de 29,7 milhões de euros pelo BCP, por conta de uma verba de 33 milhões de euros que foi gerada pela sociedade insolvente.
Nos processos de insolvência há lugar a rateio parcial, isto é, a um reembolso parcial aos credores na proporção do que couber a cada um deles à medida que se for gerando liquidez, resultante da venda dos bens do património do insolvente e uma vez salvaguardado o pagamento integral das custas do processo e das demais dívidas da massa insolvente.
Neste caso, não é revelada a origem da verba de 33 milhões de euros. Sabe-se, porém, que o Campo Pequeno foi vendido no final de 2019 ao empresário Álvaro Covões e ao fundo Horizon por uma quantia a rondar esse valor, cerca de 37 milhões de euros, de acordo com os valores reportados pela imprensa na altura.
O Campo Pequeno tem dívidas de cerca de 100 milhões de euros, 90% das quais são dívidas ao BCP. O montante que o banco se prepara agora para receber corresponde exatamente a 90% da verba de 33 milhões de euros. Não foi possível perceber a diferença entre os 33 milhões de euros da verba referida no mapa de rateio e os 37 milhões da venda do Campo Pequeno concretizada há dois anos.
Contactado pelo ECO, o banco de Miguel Maya não quis comentar. O BCP prepara-se para apresentar as contas de 2020 esta quinta-feira. Os analistas do CaixaBank/BPI estimam lucros de 178 milhões de euros no ano passado, o que representa uma queda dee 41% face ao resultado registado em 2019.
O Campo Pequeno funciona como uma sala de espetáculos (na arena) e tem ainda um centro comercial e um parque de estacionamento subterrâneos.
O ECO avançou no final de 2019, no âmbito do consórcio comprador, que Álvaro Covões ficou a gerir a arena do Campo Pequeno e o centro comercial, enquanto o fundo de Pires de Lima e de Sérgio Monteiro, especializado em infraestruturas, ficou responsável pela gestão do parque de estacionamento.
O “novo” Campo Pequeno reabriu em 2006, depois de obras profundas de intervenção que duraram vários anos e que deram lugar ao espaço comercial e à zona de estacionamento, tal como conhecemos hoje em dia. No entanto, o financiamento desse investimento acabou por ser demasiado pesado para as condições de exploração do espaço.
Antes da pandemia, a arena do Campo Pequeno contava com cerca de 3,5 milhões de visitantes por ano, de acordo com dados oficiais da própria sociedade.
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