Salários de março? “Estamos a viver hora à hora” para garantir a viabilidade da Groundforce, diz o CEO
Apesar do conflito entre acionistas, CEO da Groundforce tem-se reunido com a CGD e o Banco de Fomento para conseguir crédito. "Precisamos desse empréstimo para continuar a atividade", alerta.
Não há dinheiro na Groundforce para o resto dos salários de fevereiro em atraso e, para março, ainda menos, segundo o CEO, Paulo Neto Leite. O gestor garante que as negociações para um empréstimo bancário não pararam, apesar do conflito entre os acionistas, e que este crédito é imprescindível para que a empresa continue a operar.
“Neste momento, estamos a viver hora à hora, já nem é dia a dia. Estamos a tentar rapidamente resolver [este problema de falta de liquidez] porque não há só trabalhadores, há fornecedores e impostos que é preciso garantir”, respondeu Neto Leite ao ECO, quando questionado sobre o dinheiro que a empresa ainda tem em caixa. Cerca de 2.400 trabalhadores da Groundforce estão com salários de fevereiro em atraso depois de a empresa ter entrado em rutura de tesouraria devido à paralisação da atividade durante a pandemia.
Durante a semana passada, o Governo e o acionista privado Alfredo Casimiro (dono de 50,1% da Groundforce) estiverem a negociar um acordo para que a TAP (que detém 49,9%) fizesse um novo adiantamento de serviços. Mas a companhia aérea pedia que o empresário desse a sua participação como garantia, o que não foi possível por já estar penhorada.
Pagámos 75% do salário líquido até um máximo de 500 euros ou um montante até maior em casos em que os apoios do lay-off eram maiores. Foi uma decisão da gestão de acudir às famílias. Temos aqui famílias inteiras.
Com essa solução de emergência num impasse, começaram a ser transferidos 500 euros para as contas dos trabalhadores na sexta-feira, com dinheiro que havia ainda em caixa e de apoio do lay-off entretanto recebido. “Pagámos 75% do salário líquido até um máximo de 500 euros ou um montante até maior em casos em que os apoios do lay-off eram maiores. Foi uma decisão da gestão de acudir às famílias. Temos aqui famílias inteiras“, justifica Neto Leite.
Mas, com a atividade fortemente afetada pelo confinamento, o problema mantém-se e a falta de liquidez imediata coloca em cima da mesa a possibilidade de insolvência ou mesmo nacionalização. Ainda assim, o CEO da Groundforce continua a trabalhar com a banca numa estratégia de médio prazo: um empréstimo bancário com garantia pública.
“Estamos a trabalhar para isso e acredito que quer a Caixa Geral de Depósitos quer o Banco de Fomento também estão. Estamos a tratar de todos os detalhes para finalizar o contrato, já o estamos a fazer de forma diligente há algum tempo. Estamos a ver como vai ser disponibilizado e de quanto é que é. O que sempre falámos é de um empréstimo de 30 milhões de euros. O meu foco é salvar a empresa e proteger os trabalhadores“, explicou Paulo Neto Leite.
Continuam a decorrer reuniões para avançar com o contrato do empréstimo bancário, apesar de o ministro das Finanças João Leão ainda não ter “ok” à garantia pública (que não poderá abranger 100% do capital pois constituiria ajuda de Estado e precisaria de passar pela Comissão Europeia). E apesar do entrave encontrado na questão da penhora.
É que, como a garantia pública não cobre todo o capital, seria precisa também uma garantia privada, sendo a participação da Pasogal a mais provável. “É uma questão do foro dos acionistas“, diz o CEO, rejeitando comentar a situação e preferindo focar-se na operação.
“A empresa sempre deu um resultado positivo nos últimos anos. Tivemos um impacto muito grande, de 95 milhões de euros, na receita do ano passado e mesmo assim conseguimos ter um prejuízo de apenas 25 milhões. Precisamos desse empréstimo para continuar a atividade“, afirma Paulo Neto Leite, alertando para a incerteza no setor. “Se mantiverem o espaço aéreo fechado o resto do ano, não posso fazer nada”.
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