A pandemia veio confirmar a importância das tecnologias de informação no nosso escritório

  • ADVOCATUS
  • 1 Abril 2021

João de Travassos, da Travassos, Albuquerque & Associados faz um balanço da atividade do escritório.

João de Travassos, da Travassos, Albuquerque & Associados faz um balanço da atividade do escritório.

Numa fase de pós pandemia, quais são agora as áreas de aposta que surgiram como fundamentais no vosso escritório?

Diríamos que a pandemia veio confirmar a importância de uma área que já era fundamental no nosso escritório, a das tecnologias de informação. Desde o início, o nosso percurso tem estado intimamente ligado às empresas e, em especial, às empresas na área das novas tecnologias e dos sistemas de informação, área que notoriamente se vê, no geral, reforçada, nestes tempos de pandemia. Muitas empresas viram-se obrigadas a repensar procedimentos, a adequar métodos e a encontrar ou a melhorar as suas soluções tecnológicas. Esta tendência é necessariamente acompanhada pela constante evolução do mercado e diversificação da oferta. Temos a felicidade e a oportunidade de vir a acompanhar os nossos clientes do sector, nesta tendência. São novas soluções, mais projetos e mais internacionalização, no fundo, uma constância de desafios, numa área que queremos e em que iremos necessariamente continuar a apostar.

Como encaram o vosso escritório aos tempos de hoje face ao que era quando nasceu?

Encaramo-lo com uma evolução muito positiva. O caminho a que nos propusemos tem vindo a ser percorrido de forma sustentada, mas natural. Todos os anos temos vindo a crescer, tanto pelo número de clientes como pela sua dimensão, o que tem positivamente influenciado a faturação e necessariamente a adaptação e crescimento da estrutura. Mas não só os novos clientes para isso contribuíram, também os que estão connosco desde sempre e que têm vindo, também eles, a crescer. Com humildade (e realidade), desde o início, apostámos nas start-ups, micro, pequenas e médias empresas, que, na verdade, representavam, em 2014 (e representam), 99,9% do tecido empresarial português. Nessa realidade assistimos (e gostaríamos de acreditar que também contribuímos) a uma evolução de alguns dos nossos clientes, de micro a pequenas e de pequenas a médias empresas.

Contudo, reconhecemos hoje, seis anos depois de termos iniciado este projeto, que a essencialidade se mantém. Os valores são os mesmos, a vontade é a mesma, os problemas é que mudam. Mas isso, diria, é um dos encantos da advocacia. Nesta partilha de valores e pensamento, temos o privilégio de termos vindo a reunir uma equipa com profissionais qualificados, que outra coisa não quiseram ser na vida que não fosse isto de ser advogado. Ou pelo menos é o que me dizem…

Pretendem aumentar número de sócios brevemente?

Sim. Parece-nos ser um caminho inevitável e que sinceramente já esteve mais longe de acontecer. Será um exercício natural de meritocracia e o reconhecimento de quem connosco tem vindo a crescer, que tem contribuído para o nosso crescimento e que comprovadamente partilha da mesma forma de estar na advocacia. Mas também o entendemos ao contrário, como um sinal de comprometimento maior de quem connosco está, porque como sabemos, a novos direitos correspondem novas obrigações.

O que é que o vosso escritório pode dar de mais valias aos clientes, comparando com os da concorrência?

Talvez seja uma pergunta a colocar aos nossos clientes. Estamos num mercado altamente e cada vez mais concorrencial. Sinceramente, não sei se fazemos melhor ou pior, quero acreditar que fazemos (ou pelo menos tentamos) diferente. Procuramos imprimir com responsabilidade um sentido de intuitu personae na relação com os clientes. Acho que a advocacia não pode ser vista de outra forma. A confiança que nos é depositada é um bem maior. Um cliente que acredita em nós acredita, terá de receber em troca, necessariamente, o nosso melhor. Por certo será um sentimento que me ficou do tempo em que comecei a advogar em prática isolada, após a agregação. A quem estava, nessa condição, disposto a acreditar em mim, o mínimo que poderia retribuir era a minha total dedicação, com a (in)certeza de que “ao virar da esquina” poderia estar alguém mais experiente, melhor tecnicamente e mais bem preparado. O tempo passou, mas o compromisso de dedicação, esse, é o mesmo.

O mercado está a abrir para os pequenos e médios escritórios?

De facto, temos assistido ao surgimento de novos escritórios de pequena e média dimensão, alguns novos projetos de advogados mais jovens, e, outros tantos, de colegas que, saindo de estruturas maiores, decidem arriscar-se em projetos próprios, de menor dimensão. Mas isso, sinceramente, não significa necessariamente que o mercado se esteja a fechar para os grandes escritórios. Antes pelo contrário, muitos dos escritórios mais pequenos têm vindo mesmo a crescer. O mercado é suficientemente grande e diversificado para acomodar todos, desde o advogado em prática isolada de uma comarca pequena à grande sociedade de advogados de Lisboa ou do Porto. O que depende é o segmento de mercado que queremos considerar. Naturalmente, para as grandes estruturas, quer pela sua dimensão, multidisciplinaridade, pelos excelentes profissionais que integram, e até mesmo pelo seu peso institucional, estão-lhes tendencialmente destinadas as grandes operações. Mas há exceções, e, para isso, temos a importância da especialização. Como também existem exceções contrárias, pois nem só de megaoperações e de grandes sociedades anónimas vivem as grandes estruturas de advogados. Claro que, no segmento de clientes de menor dimensão, onde o sentido – usando uma expressão societária – é pessoalista e menos capitalista – a dificuldade de penetração é inversa.

Com isto pensamos sinceramente que há mercado para todos, ainda que haja uma ordem natural das coisas, em que escritórios mais pequenos, sem falsos pretensiosismos, terão de reconhecer e se adaptar. Como disse há pouco, foi isso que tentámos fazer. Tanto a nível das empresas, onde apostámos realisticamente no mercado da start-ups, micro, pequenas e médias empresas, e que com elas fomos crescendo, tanto em experiência, como em conhecimento. Outro exemplo de adequação das áreas de atuação à nossa realidade, aconteceu no âmbito do direito público, em concreto, onde a nossa aposta, ao nível das freguesias, cujas competências têm também vindo a aumentar, nos tem permitido granjear uma considerável experiência no sector.

A advocacia de negócios é o caminho mais óbvio da advocacia?

Não. Entendemos a pergunta, mas se esse fosse o caminho, era obviamente redutor. A ideia de centrar a advocacia nos negócios seria limitar o papel e a importância do advogado, de ser advogado. Ainda que a advocacia possa ter uma importância determinante nos negócios – entenda-se para este efeito qualquer relação jurídica, não só comercial, seja qual for a sua dimensão ou valor – relegar para segundo o plano o exercício do mandato forense seria, não só negar a sua génese, como, fundamentalmente, limitar a importância do advogado como peça fundamental na administração da justiça. O caminho que me parece óbvio, e que nos está reservado, é precisamente esse caminho mais abrangente, tanto da prevenção, como da resolução de situações jurídicas, de pessoas singulares ou coletivas, judicial ou extrajudicialmente.

Como avalia a atuação do atual bastonário face à classe?

Em termos gerais é sempre fácil falar quando não temos a responsabilidade de ter de decidir. Mas creio que tem sido positiva. A pandemia trouxe novos desafios, mas também trouxe uma nova oportunidade para a nossa Ordem voltar a assumir o papel mais interventivo, no fundo, o papel que lhe está reservado por direito na sociedade. É uma oportunidade que não se deve perder. Os problemas são variados e profundos, desde a relação dos advogados com a própria ordem à degradação do sistema judicial. Mas a pandemia, a juntar aos problemas existentes, trouxe, também, novos desafios, como o atual debate sobre o sistema de providência. Creio que também aqui o Sr. Bastonário tem gerido esta questão, que é sem dúvida fraturante, com a prudência necessária.

Alguma área do vosso escritório que não tenham e que pretendam apostar?

Partindo da multidisciplinaridade, no âmbito do direito das empresas, temos vindo, desde o início, a adequar a nossa estrutura e as áreas de atuação às necessidades dos clientes. O nosso objetivo é fortalecer as áreas existentes, reforçando-as. Desde a área tecnológica aos clientes particulares. Não quer isto dizer que não estejamos atentos ao mercado e às oportunidades que nos vão surgindo, como é o caso da mobilidade elétrica e das energias renováveis.

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