Luís Portela é “um vencedor que seguiu em Portugal uma trajetória quase única”
Luís Portela vai deixar a administração da Bial esta terça-feira. O ECO falou com amigos e colegas do gestor e todos destacam a perseverança, dedicação e rigor ao longo de um percurso de 48 anos.
Luís Portela vai deixar o conselho de administração da Bial esta terça-feira e vai passar a gerir a fundação Bial que criou para apoiar a investigação científica. Horta Osório vai ser o próximo presidente não executivo do conselho de administração da farmacêutica portuguesa Bial.
Aos 69 anos, Luís Portela está oficialmente reformado desde o início do ano e já tinha anunciado que iria retirar-se da vida profissional antes dos 70 anos para se dedicar em pleno à Fundação Bial, aos seus livros e à família. Apesar de deixar o cargo de chairman, vai continuar na empresa, no mesmo gabinete, a presidir a Fundação Bial com a missão de incentivar o estudo científico do ser humano, tanto do ponto de vista físico como espiritual.
Os amigos e colegas de trabalho de Luís Portela destacam que o gestor é um profissional único, extremamente dedicado, decidido, disciplinado e exigente com ele próprio e com a toda a equipa Bial.
O secretário de Estado adjunto da Economia, João Neves, antes de ir para o Governo foi administrador da Bial durante oito anos e destaca ao ECO que é amigo de Luís Portela há mais de 30 anos. Para o governante, Luís Portela tem duas características muito importantes: “A perseverança e a liderança pelo exemplo”. João Neves destaca que “a perseverança e a liderança fizeram do Luís Portela uma pessoa muito carismática, não apenas para a Bial, mas para a comunidade da indústria farmacêutica”.
Luís Portela é um vencedor que seguiu uma trajetória em Portugal quase única. Fez da Bial a única empresa portuguesa que oferece ao mundo medicamentos que desenvolveu de raiz.
Para João Neves, Luís Portela sempre foi “muito decidido” nos negócios da Bial e sempre apostou na investigação e desenvolvimento. “É preciso uma lógica muito própria para a condução dos negócios e isso é uma das características mais importantes do Drº Luís Portela”, conta o secretário de Estado adjunto da Economia.
“O Luís Portela e a Bial são um exemplo para a indústria, não apenas para a indústria farmacêutica. Ele como empresário é um dos melhores que temos e é um exemplo a seguir porque apostou na investigação e desenvolvimento de uma forma continuada”, refere João Neves.
O secretário de Estado adjunto da Economia lembra que ao longo de mais de 30 anos a Bial apostou na investigação e os resultados deste percurso tão longo “começam agora a dar frutos mais evidentes”. João Neves acrescenta que a Bial é “uma empresa internacionalizada e é um exemplo a seguir quando dizemos que Portugal precisa ter uma indústria mais forte, mais capaz. Foi exatamente isso que o Luís Portela fez ao longo da vida profissional”, enumera o secretário de Estado adjunto da Economia.
O economista, Daniel Bessa, que pertence à fundação Bial e é presidente do conselho fiscal da empresa Bial Portela, tem ligação à empresa e ao Luís Portela há cerca de 12 anos e considera-o um amigo. “Temos uma relação de amizade e sobretudo de grande consideração. O Dr. Luís Portela é uma pessoa muito especial. Por trás de uma aparência grande de serenidade e de tranquilidade está uma pessoa muito determinada”, conta o economista e professor universitário.
A nível profissional, o amigo Daniela Bessa considera que Luís Portela é “um vencedor que seguiu uma trajetória em Portugal quase única. Fez da Bial a única empresa portuguesa que oferece ao mundo medicamentos que desenvolveu de raiz. Investiu centenas de milhões de euros durante décadas nessas investigações”, destaca o economista.
O ex-ministro da economia acredita que Luís Portela não vai conseguir afastar-se da Bial. “Pode afastar-se do conselho de administração, mas é o acionista maior. Numa aventura de grande fôlego, penso que continuará no centro do processo de decisão da Bial. Continuará a ser durante muitos anos o acionista de referência da Bial e o homem que terá o pêndulo e o fator decisão nas grandes questões, entre elas o investimento“, refere Daniel Bessa.
A perseverança e a liderança fizeram do Luís Portela uma pessoa muito carismática, não apenas para a Bial, mas para a comunidade da indústria farmacêutica.
O economista conta que Luís Portela foi praticante de artes marciais. Brinca e diz que “é melhor ninguém se meter com ele. Tem a técnica e a força suficiente para dominar qualquer situação de maior exigência física”, refere o ex-ministro da Economia.
Daniel Bessa revela ao ECO que para além das artes marciais, Luís Portela é praticante de ciclismo. “Ele é uma espécie de campeão de ciclismo e ainda faz algumas aventuras, como subir as montanhas portuguesas mais emblemáticas por onde passa a Volta a Portugal em Bicicleta. E é um dos primeiros a chegar nessas maratonas que faz com um grupo de amigos. Penso que só é batido por um jovem com menos 30 anos que ele”, conta Daniel Bessa.
Para Daniel Bessa, quem olha para o Luís Portela “não conhece essa faceta de uma pessoa com uma enorme disciplina e com uma enorme capacidade de superação, seja nas artes marciais seja no ciclismo. Ele trouxe essas características para os negócios”, refere.
À semelhança de Daniel Bessa, João Neves realça também o perfil desportista de Luís Portela. “Ele sempre foi um amante do desporto e isso dá-lhe o prazer da tranquilidade nos períodos mais agitados em função de uma vida profissional sempre muito agitada”. Para João Neves, essa disciplina desportista que foi incutindo ao longo da vida, foi uma mais-valia nos negócios.
Para além de ser médico, gestor e desportista, Luís Portela é autor de vários livros em torno da espiritualidade. E com esta mente aberta, revelou ao Jornal de Negócios, que “deseja saber aproveitar a disponibilidade de tempo que vai ter para se procurar conhecer melhor, nomeadamente a melhor versão de si mesmo”.
Ana Maria Dias, ex-administradora da Bial, trabalhou na farmacêutica cerca de 16 anos. Numa fase inicial, em 1984, trabalhou na farmacêutica como diretora de um gabinete, depois diretora financeira e posteriormente como administradora da Bial. Foi convidada pelo Luís Portela para ajudar a dinamizar a empresa na parte da inovação.
Para a ex-administradora da Bial, o Luís Portela “é uma pessoa muito determinada, rigorosa e exigente para com a empresa, com os colaboradores e com ele próprio. Sempre teve ideias concebidas para chegar ao objetivo final que no fundo era criar a autonomia da empresa e entrar na inovação. Sabia bem o projeto que pretendia para a Bial e manteve-o sempre mesmo quando apareciam percalços no percurso”, conta.
Ana Maria Dias destaca que “numa altura em que não se investia em Portugal (anos 70 -80) o Dr. Luís Portela investiu e foi de facto a empresa mais dinâmica a nível da investigação. Deu asas a um projeto muito inovador e difícil”.
Recuando um pouco na história, em 1979, Luís Portela, com 27 anos, comprou a maioria do capital da Bial e assumiu a presidência da empresa fundada em 1924 pelo seu avô, liderando a transformação numa farmacêutica internacional de inovação, com o lançamento a nível global dos primeiros medicamentos de investigação portuguesa: um antiepilético e um antiparkinsoniano. Em 2011, passados 32 anos, passou a presidência executiva ao filho mais velho, António Portela, passando a exercer as funções de chairman.
Luís Portela disse ao Jornal de Negócios que está tranquilo e confiante na equipa que deixa à frente da farmacêutica. “Prestes a deixar a presidência da Bial, vivo este momento com um sentimento de tranquilidade e de confiança. Temos uma forte equipa executiva, liderada pelo meu filho António, agora com o apoio reforçado do novo chairman, António Horta Osório. Mas também temos uma forte estrutura, com muitos projetos bonitos para realizar“, afirma ao Negócios.
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