BCE alerta para “riscos elevados” na estabilidade financeira. Vê “exuberância” nos mercados

O Banco Central Europeu está preocupado com os "riscos elevados" na estabilidade financeira da Zona Euro devido ao impacto "desigual" da crise pandémica e a "exuberância" dos mercados.

Frankfurt teme pela resiliência financeira da Zona Euro, principalmente nos países mais frágeis como é o caso de Portugal. No relatório de maio sobre a estabilidade financeira divulgado esta quarta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) faz um alerta sobre os “riscos elevados” devido ao impacto “desigual” da pandemia entre países e entre setores e a “exuberância” que se vive nos mercados, de onde chegam sinais de “sobrevalorização”.

De acordo com a Bloomberg, a palavra “exuberância” remonta à expressão utilizada por Alan Greenspan, ex-presidente da Reserva Federal, de “exuberância irracional” com que descreveu a bolha tecnológica (bolha das “dot-com”) no final do século passado. Atualmente teme-se que o estímulo monetário, fruto da política monetária expansionista os bancos centrais, e o estímulo orçamental dos Governos para combater a crise estejam a contribuir para “desequilíbrios perigosos”, nas palavras da agência de informação financeira.

No seu relatório, o BCE descreve que os riscos da estabilidade financeira estão “concentrados em setores e países específicos”, os quais foram mais afetados pela pandemia ou já tinham fragilidades anteriores à Covid-19, nomeadamente os que têm uma dívida pública elevada ou que estão mais dependentes do setor dos serviços presenciais. No caso dos bancos, a qualidade dos ativos mantém-se, mas a “rentabilidade é fraca e o risco de crédito tem potencial para piorar”.

Há ainda o risco de correções “desordenadas” em alguns segmentos dos mercados financeiros — há “sinais de sobrevalorização”, incluindo no mercado imobiliário — que podem afetar instituições não bancárias que têm “grandes exposições” a empresas com fragilidades. No relatório, o BCE admite que as “repercussões” da “reavaliação” do mercado de capitais dos EUA podem ser “substanciais”. Por exemplo, uma queda de 10% dos índices norte-americanos pode traduzir-se numa deterioração das condições financeiras na Zona Euro equivalente a um terço do registado em março por causa do choque do vírus.

O BCE alerta também para os “sinais de exuberância” no mercado dos ativos cripto, ainda que os “riscos para a estabilidade financeira parecem ser limitados”. “A escalada dos preços da bitcoin eclipsou bolhas financeiras anteriores como a da “tulip mania” [a febre das tulipas na Holanda]”, descreve o banco central, notando que, apesar da subida ter sido dominada por investidores particulares (retalho), também há um “interesse crescente” de investidores institucionais.

Mas a recomendação para se manter cautela neste mercado é claro, tal como no passado: “A volatilidade do preço faz da bitcoin arriscada e especulativa, enquanto a sua exorbitante pegada de carbono e o potencial uso para propósitos ilícitos são motivos para preocupação“. O BCE acrescenta que os ativos cripto ainda não são usados “amplamente” para fazer pagamentos e que as instituições da Zona Euro têm “pouca exposição” aos instrumentos financeiros ligados a este segmento do mercado.

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