Lagarde alerta para mais falências. “Vão certamente aumentar”
A presidente do BCE considera que as falências de empresas vão aumentar e abordou também a questão da inflação na conferência de imprensa após o Eurogrupo esta sexta-feira de manhã, em Lisboa.
Christine Lagarde afirmou esta sexta-feira que é inevitável um aumento das falências na Zona Euro nos próximos meses, após um período em que estiveram em mínimos históricos. Além disso, a presidente do Banco Central Europeu (BCE) reafirmou a ideia de que a inflação irá subir em 2021, mas tal deve-se a fatores temporários que vão dissipar-se no próximo ano.
“Iremos ver mais falências. Têm sido muito baixas e irão certamente aumentar“, afirmou Lagarde na conferência de imprensa do Eurogrupo que se realizou esta sexta-feira no Centro Cultural de Belém em Lisboa, admitindo que terá de ser dada “especial atenção” aos NPL (crédito malparado) e às provisões dos bancos nos próximos meses.
Este alerta chega depois de uma reunião onde os ministros das Finanças ouviram os reguladores bancários sobre o estado da banca europeia. Christine Lagarde notou que as medidas da supervisão bancária e a flexibilidade da regulação foram importantes para lidar com a crise pandémica, contribuindo para a “abordagem coordenada” das políticas económicas, o que ainda continua a ser necessário.
Sobre a evolução da taxa de inflação na Zona Euro, um tema que tem sido muito discutido nas últimas semanas, Christine Lagarde disse que o tema foi alvo de discussões no Eurogrupo, mas que na opinião do BCE a subida da inflação em 2021, que acontecerá, deve-se a “fatores temporários” que não se vão manter.
“A inflação em 2022 irá baixar e voltar a níveis mais baixos”, disse, argumentando que do ponto de vista da tomada de decisões, nomeadamente de política monetária, é preciso “ver mais além” do que a inflação alta em alguns meses de 2021. “Não existem ainda os alicerces [para um inflação mais elevada] necessários para concluir que a inflação será mais alta”, insistiu, concluindo que a taxa continuará “certamente longe do objetivo” do BCE que é uma inflação próxima, mas abaixo de 2%.
Ainda assim, a presidente do BCE reconheceu que há uma tendência de aumento das yields europeias — as taxas de juro das dívidas soberanas nos mercados financeiros –, uma situação que está a ser “monitorizada muito de perto” pela comissão executiva do banco central. “Em junho teremos novas previsões e aí o conselho de governadores fará uma nova avaliação conjunta das condições financeiras que resultem das novas projeções para a inflação”, garantiu.
Independentemente do que acontecer, Christine Lagarde deixou uma palavra de segurança aos países da Zona Euro: “O meu compromisso passa por manter condições financeiras favoráveis durante todo o período da pandemia“, garantiu, referindo que irá continuar a utilizar o programa de compra de ativos criado no início da pandemia, o PEPP, até, pelo menos, março de 2022. Quanto ao futuro, “é demasiado cedo para debater assuntos de longo prazo”, concluiu.
(Notícia atualizada às 13h49 com mais informação)
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