Liga NOS em números: dos gastos históricos à valorização do Sporting

Após 34 jornadas, 736 golos marcados e milhares de quilómetros percorridos dentro das quatro linhas, a Liga NOS chegou ao fim, com o Sporting CP a sagrar-se campeão nacional, quebrando assim um jejum de 19 anos. Em segundo lugar terminou o FC Porto e, no terceiro posto, o Benfica de Jorge Jesus.

No sentido oposto e longe da glória desportiva, Nacional e Farense desceram à Liga SABSEG, o que acabou por ser uma aventura passageira pela I Liga, pois ambos tinham subido na época anterior. O Rio Ave ficou em 16º e irá disputar o playoff de despromoção com o terceiro classificado da 2ª divisão (o adversário dos vilacondenses vai ser encontrado este sábado à tarde, 22 de maio).

Todavia, para além do título conquistado pelos ‘leões’ de Rúben Amorim e pelo infortúnio das descidas de divisão, esta temporada ficará também marcada pelo aumento do valor de mercado de diversos jovens jogadores que ‘saltaram’ das equipas de formação para o principal escalão do futebol nacional; pela desvalorização de jogadores que chegaram a Portugal com elevada cotação e, por fim, pelos montantes avultados gastos pelos clubes portugueses em contratações em plena crise pandémica.

Pandemia não desencorajou gastos históricos na Liga NOS

Apesar da presente época ter sido disputada durante uma pandemia e numa altura de grande instabilidade financeira na esfera do futebol, os clubes na sua totalidade gastaram cerca de 182,9 milhões de euros em contratações. Nunca na história da I Liga se tinha gasto tanto dinheiro. Outro dado curioso é que a segunda época com mais gastos foi a anterior a esta, altura em que surgiu o novo coronavírus e colocou o campeonato português em standby durante meses. Nesse ano, as equipas da primeira divisão desembolsaram um total de 175 milhões de euros.

O Benfica não olhou a custos este ano desportivo e foi o clube que mais gastou na janela de transferências, desembolsando um total de 105 milhões de euros, um valor estratosférico quando comparado com os dois rivais diretos, FC Porto e Sporting. A compra mais avultada da equipa de Jorge Jesus foi a de Darwin Núñez, vindo do UD Almería, que custou 24 milhões de euros aos cofres das ‘águias’, tendo sido a transferência mais cara do campeonato português.

Já o Sporting foi mais comedido nas duas janelas de transferências, tendo apenas puxado os cordões à bolsa com a compra do avançado Paulinho ao Sp. Braga por 16 milhões de euros, em janeiro passado. No total foram gastos 28,9 milhões de euros em cinco jogadores.

Valores que ficaram muito próximos do FC Porto — segundo classificado na presente época — que gastou um total de 22,6 milhões de euros em contratações. O atleta mais caro dos dragões foi o sul-americano Evanilson, custando aos cofres do clube cerca de 8,7 milhões de euros.

Quanto às receitas conseguidas na temporada 2020/2021, os emblemas da Liga NOS receberam nos seus cofres cerca de 293 milhões de euros. Um valor considerado baixo, especialmente para uma liga que é conhecida por vender ativos no mercado de transferências por valores acima da média todos os anos. De referir ainda que, tal como na questão dos gastos, o Benfica foi o clube que mais contribuiu para este indicador. O conjunto de Jorge Jesus obteve uma receita de 76,9 milhões euros com a venda de jogadores.

Feitas as contas entre os gastos e as receitas, o saldo de transferências desta época situou-se nos 110,1 milhões de euros, o valor mais baixo dos últimos seis anos.

Título nacional valoriza plantel ‘leonino’ em 45 milhões

Com uma forte aposta na formação e um investimento moderado no mercado de transferências, o Sporting é o clube com menor valor de mercado total dos “três grandes”. De acordo com os dados do Transfermarkt, a equipa leonina está avaliada em 185,1 milhões de euros — valor que engloba todos os jogadores que integraram o plantel ao longo do ano, mesmo que tenham saído no mercado de janeiro –, um valor bem abaixo dos plantéis de FC Porto (263,1 milhões de euros) e Benfica (261,8 milhões de euros).

Porém, com o positivo percurso do clube de Alvalade no campeonato nacional, a equipa constituída essencialmente por elementos da Academia – nomes como Tiago Tomás, Nuno Mendes ou Gonçalo Inácio – valorizou cerca de 45 milhões de euros desde setembro do ano passado. Do outro lado do espectro, o plantel dos ‘dragões’ desvalorizou 45 milhões ao longo da época. Quanto ao Benfica, este foi o clube da I Liga que mais caiu em termos de valor de mercado, passando de uma avaliação de 366,4 milhões de euros, no início da temporada, para os 261,8 milhões de euros referidos no parágrafo acima.

Destaque ainda para o Boavista, que de setembro a maio, mais que duplicou o seu valor de mercado. Os axadrezados da cidade Invicta começaram a campanha desportiva avaliados em 13,8 milhões de euros e, ao fim de 34 jornadas, o plantel passou a valer 34 milhões de euros (o que equivale a uma subida de 164,4%).

Nuno Mendes ‘corre’ para o topo das maiores valorizações do ano

O positivo percurso do Sporting no campeonato nacional, com uma equipa constituída essencialmente por atletas da formação ou adquiridos ainda em tenra idade – como o caso de Pedro Gonçalves (22 anos) ou Pedro Porro (21 anos) -, permite entender que os jogadores que sofreram as maiores valorizações no mercado são oriundos do conjunto ‘verde e branco’.

De acordo com os dados disponibilizados pelo site especializado Transfermarket, no top-5 de atletas que obtiveram os maiores upgrades nas suas avaliações de mercado, constam três jogadores dos ‘leões’, um do FC Porto e outro do Sp. Braga. No topo da lista está o lateral Nuno Mendes, de apenas 18 anos. O jogador português foi o atleta que mais valorizou no campeonato nacional, estando avaliado em sete milhões de euros no início de agosto e passando a valer atualmente 25 milhões, o que representa um crescimento total de 18 milhões.

Em segundo lugar da lista surge Pedro Gonçalves, também ele jogador do Sporting, com uma valorização de oito milhões de euros. O médio de 22 anos começou a época com um valor de mercado de sete milhões e, devido às suas exibições, passou para 15 milhões em janeiro deste ano (data da última avaliação feita pelo transfermarkt ao jogador). A fechar o pódio, encontra-se Sérgio Oliveira, do FC Porto, com uma subida de avaliação do seu passe em cerca de oito milhões de euros, estando atualmente avaliado em 16 milhões.

Os restantes nomes que completam o top-5 são Pedro Porro, do Sporting, e Al Musrati, do Sp. Braga. O valor de mercado de ambos os atletas subiu oito milhões de euros ao longo da presente temporada. Com isto, o lateral leonino passou a estar avaliado nos 17 milhões de euros e o atleta ‘bracarense’ nos 10 milhões.

Atletas do Benfica e FC Porto sofrem as maiores desvalorizações de mercado

Com ‘águias’ e ‘dragões’ a ficarem aquém das expectativas a que se propuseram no início desta época, ou seja conquistar o título de campeão nacional, houve vários jogadores de ambas as equipas que acabaram por perder algum (ou, em certos casos, até mesmo bastante) valor de mercado.

Felipe Anderson, que vestiu as cores do FC Porto por apenas dez ocasiões esta época, foi o atleta que mais desvalorizou na presente edição da Liga NOS. O avançado chegou à cidade do Porto avaliado em 25 milhões euros, porém, no final da prova, o brasileiro de 28 anos passou a valer 15 milhões. Feitas as contas, foi uma desvalorização de dez milhões de euros.

Um dos jogadores mais influentes do Benfica, Pizzi, surge na segunda posição desta lista também com uma desvalorização de dez milhões de euros. O médio de 31 anos passou de uma avaliação de 22 milhões, em agosto, para 12 milhões de euros no final da época. O terceiro atleta da I Liga que mais perdeu valor de mercado foi Moussa Marega, com uma queda de seis milhões de euros, estando agora avaliado em 14 milhões.

Por fim, os futebolistas pertencentes aos ‘encarnados’, Alejandro Grimaldo e Éverton, fecham o lote dos cinco jogadores que mais desvalorizaram nesta edição do campeonato. O lateral espanhol passou a estar avaliado em 22 milhões de euros, sofrendo uma queda de seis milhões, e o atacante brasileiro caiu para os 20 milhões, o que representa uma descida de cinco milhões no seu valor de mercado de início da época.