Confederação do Turismo considera “desastrosa” saída da “lista verde” britânica
“A retoma que se iniciou nas últimas semanas com a chegada dos turistas ingleses”, principal mercado do turismo nacional, “vai ser abruptamente interrompida".
A Confederação do Turismo de Portugal (CTP) considera “desastrosa” para o turismo português a decisão do Reino Unido de retirar Portugal da “lista verde” de viagens.
“Esta é uma notícia muito preocupante e penalizadora, não só para o turismo, mas também para a economia nacional, já que estamos a falar da principal atividade exportadora do país”, afirma a CTP em comunicado.
A CTP salienta que “a retoma que se iniciou nas últimas semanas com a chegada dos turistas ingleses”, principal mercado do turismo nacional, “vai ser abruptamente interrompida durante, pelo menos, três semanas”.
“O impacto nas reservas, sobretudo no Algarve, será gigantesco, numa fase em que as empresas se preparavam para um aumento da procura turística com reforço da oferta e de recursos humanos. Todo esse investimento será perdido”, afirma Francisco Calheiros, presidente da CTP, citado na nota.
O Ministério dos Transportes britânico anunciou hoje que Portugal, incluindo os arquipélagos da Madeira e Açores, vai deixar a “lista verde” de viagens internacionais a partir do Reino Unido na terça-feira às 4h00.
Segundo o Ministério, Portugal passa para a “lista amarela” para “salvaguardar a saúde pública contra variantes preocupantes” e proteger o programa de vacinação britânico.
Num comunicado, o Governo britânico refere que, de acordo com a base de dados europeia GISAID, foram identificados em Portugal 68 casos da variante B1.617.2, identificada pela primeira vez na Índia, denominada pela Organização Mundial de Saúde por variante Delta, “com uma mutação adicional potencialmente prejudicial”. A direção geral de Saúde de Inglaterra (Public Health England) está a investigar esta variante e mutação para perceber melhor se ela pode ser mais transmissível e mais resistente às vacinas.
O Governo britânico diz também que a taxa de positividade dos testes ao novo coronavírus em Portugal é quase o dobro daquela registada há cerca de um mês, ultrapassando a média nacional no Reino Unido. Os países na “lista amarela” estão sujeitos a restrições mais apertadas, nomeadamente uma quarentena de 10 dias na chegada ao Reino Unido e dois testes PCR, no segundo e oitavo dia, como já acontece com a maioria dos países europeus, como Espanha, França e Grécia.
A “lista verde” isenta de quarentena os viajantes que cheguem a território britânico, enquanto a “lista vermelha” exige quarentena de 10 dias num hotel designado, além de dois testes PCR.
Na atualização das listas de viagens internacionais publicada, o Ministério dos Transportes britânico adicionou à “lista vermelha” o Afeganistão, Bahrein, Costa Rica, Egito, Sri Lanka, Sudão e Trinidad e Tobago. O Executivo britânico reitera também o apelo aos britânicos para que não viajem para destinos da “lista amarela” de forma a proteger a saúde pública porque a “prevalência de variantes preocupantes e às taxas gerais de coronavírus são maiores”.
O sistema de semáforo é baseado em quatro critérios: as taxas de vacinação, o número de casos, a prevalência de “variantes preocupantes” e a qualidade dos dados de testagem.
De acordo com dados do Governo britânico, desde o início da pandemia morreram quase 128 mil pessoas morreram no Reino Unido, o pior índice de mortalidade na Europa.
Retirar Portugal da” lista verde” foi decisão política britânica, diz Turismo do Algarve
O presidente do Turismo do Algarve, João Fernandes, classificou esta sexta-feira como “política” a decisão do Reino Unido de retirar Portugal da “lista verde” de viagens, impondo quarentena a partir de terça-feira a quem chega a território britânico.
“É uma decisão que o Governo britânico tomou por uma questão de política interna e não por uma questão de risco”, afirmou o presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), frisando que a justificação dada pelas autoridades do Reino Unido “não utiliza Portugal como referência” para as infeções de Covid-19 e até Malta, “que tem uma incidência de nove casos por 100.000 habitantes, ficou de fora” da “lista verde”.
João Fernandes reconheceu que a decisão britânica “tem impacto claro na região”, por o Reino Unido ser o “principal mercado emissor” de turistas para o Algarve, e lamentou os “constrangimentos” que a medida causa, “desde logo para os que já cá estão e têm a sua volta prevista para depois de terça-feira, que é o dia a partir do qual esta medida tem efeito”.
“Estamos já a assistir a uma concentração de voos de repatriamento e a um cancelamento de voos para o período posterior e das reservas também em hotéis. Esperemos que esta medida seja revista o mais rápido possível, porque ela é de todo injusta”, considerou.
João Fernandes disse ainda que o Algarve teve “100.000 movimentos de passageiros de origem britânica durante as duas últimas semanas” e que, segundo dados fornecidos pela Administração Regional de Saúde entre os passageiros britânicos, “houve apenas a registar – e todos eles são testados – seis casos”.
“Seis casos por 100.000 habitantes é um número muito inferior àquele que se regista no próprio Reino Unido, até porque os britânicos, antes de viajarem para Portugal, têm de fazer um [teste] PCR”, acrescentou.
Agora, disse, a região tem de “olhar para frente e continuar a apostar noutros mercados que estão a ter boa procura pelo Algarve, como os mercados alemão, francês, espanhol irlandês, holandês”, que estão a “reconhecer Portugal como um destino seguro e o melhor destino de praia do mundo, de acordo com o último reconhecimentos dos World Travel Awards”.
O representante considera que Portugal pode regressar à “lista verde” na próxima reavaliação do Governo britânico, dentro de cerca de três semanas.
“Até porque, sendo claramente uma decisão política, porque o Governo britânico apostou que até 21 de junho concluiria o seu processo de desconfinamento, faz sentido que essa revisão seja favorável a uma abertura a vários países, incluindo Portugal”, argumentou.
João Fernandes deixou ainda um alerta aos turistas britânicos que “agora regressam à pressa”, lembrando que podem recorrer aos cerca de 130 locais de testagem à Covid-19 identificados no sítio www.visitalgarve.pt, antes de se deslocarem para o aeroporto, para facilitar os controlos e a sua saída do país.
A decisão de saída de Portugal da “lista verde” surge apenas três semanas depois de o Governo britânico ter tomado uma decisão em sentido contrário, criando expectativas positivas no turismo algarvio e nacional, que agora se viram frustradas.
(Notícia atualizada às 14H03 com as declarações do presidente do Turismo do Algarve)
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