Farol quer acelerar soluções tecnológicas que combatam a escravatura moderna
Aceleradora, lançada esta segunda-feira, procura de startups que apresentem soluções inovadoras capazes de responder às crises atuais. Candidaturas estão abertas até 31 de agosto.
Vem aí a primeira aceleradora concebida para identificar soluções tecnológicas que contribuam para mitigar a escravatura e o trabalho forçado dentro das cadeias de produção. A Farol é lançada esta segunda-feira por organizações portuguesas e espanholas que trabalham a tecnologia como resposta a questões de Direitos Humanos. A programação da aceleradora foi criada em parceria com a consultora portuguesa Beta-i.
Este novo projeto está à procura de 15 startups tecnológicas que apresentem soluções inovadoras capazes de responder às crises atuais. Depois de selecionadas, o objetivo é integrar as tecnológicas num programa de aceleração de seis meses, sendo que cinco das startups devem ser provenientes de países em desenvolvimento.
“Aumentar a transparência nas cadeias de produção é a peça chave para acabar com o abuso laboral e, nesse sentido, retirar as pessoas da armadilha da pobreza”, diz Daniela Coutinho, cofundadora da Farol, citada em comunicado.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, existem, atualmente, cerca de 40.3 milhões de pessoas a viver sob alguma forma de escravatura. A nível global, mais de metade encontra-se em trabalho forçado, o que significa que trabalha contra a sua vontade e sob intimidação ou coerção.
As mulheres e raparigas representam 71% de todas as vítimas da escravatura moderna e dez milhões são crianças. Para Raúl Celda, cofundador da aceleradora recém-lançada, a tecnologia está numa posição “única” no caminho a fazer em prol dos Direitos Humanos e na concretização de mudanças sociais. “A Farol pretende identificar e apoiar projetos que terão um impacto genuíno na luta contra a escravatura moderna”, refere.
Quem pode concorrer
O programa de aceleração da Farol está aberto a startups em fase de pré-lançamento ou em fase inicial, mas também a projetos de ONG e organizações que trabalham em blockchain, inteligência artificial, machinelearning, processamento de linguagem natural, reconhecimento de imagem, big data, geolocalização e tecnologias de big data. As candidaturas podem ser feitas através do site da Farol, até 31 de agosto.
As startups selecionadas poderão contar com sessões de mentoria e um extenso programa de conferências, do qual farão parte diversos especialistas e representantes de organizações e marcas.
O programa está dividido em duas vertentes, a primeira focada no “apoio a startups tecnológicas motivadas pela concretização de um propósito e projetos de ONG especializadas em tecnologia que estejam em fase inicial de desenvolvimento de produto”, e a segunda vertente “apoiará startups já com um produto final e com clientes que pretendam acrescentar a redução da escravatura moderna aos seus objetivos”, explica a aceleradora.
A programação foi criada em parceria com a consultora portuguesa Beta-i, sendo apoiada pelo Governo Português através da iniciativa Portugal Inovação Social, financiada pelo Fundo Social Europeu.
A Farol é um projeto participante do Pacto Global da ONU, lançado com o apoio da TrustLaw, serviço mundial pro bono da Fundação Thomson Reuters, enquanto parceiro legal, e da Parley For The Oceans. A organização de direitos humanos Walk Free, The Fair Cobalt Alliance, e Nareen Sheikh, sobrevivente de escravatura moderna e orador nas conferências TED, estão entre os colaboradores do programa.
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