Governos precisam de “portefólios de vacinas” para vencer a Covid, diz Emer Cooke

A diretora-executiva da EMA defende que os governos devem ter à disposição um portefólio variado de diferentes vacinas contra a Covid e alerta que depender de uma vacina pode ser prejudicial.

Os governos devem munir-se de um portefólio variado de diferentes vacinas contra o novo coronavírus por forma a terem uma melhor chance de acabar com a pandemia, defende a diretora executiva da Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês), alertando ainda que depender em demasia de uma única vacina pode ser perigoso.

“Vamos precisar de um portfólio de vacinas – uma coisa que aprendemos com esta pandemia é que assim que começamos a fazer previsões, outra coisa acontece”, disse Emer Cooke, em declarações ao Financial Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês), acrescentando que “a melhor abordagem é uma abordagem de portfólio”, isto é, ter vários tipos de vacinas à disposição, dado que alguma coisa “pode correr mal” ou até podem existir “problemas de produção”.

Estas declarações surgem numa altura em que alguns países estão a deixar de administrar as vacinas de vetores virais desenvolvidas pela AstraZeneca e pela Janssen, após o regulador europeu ter concluído que existem uma “possível ligação” entre a administração destas vacinas e a formação de coágulos sanguíneos muito raros. Nesse sentido, os países europeus e os EUA estão a dar primazia às vacinas desenvolvidas com a tecnologia RNA mensageiro, como as vacina da Pfizer/BioNTech e da Moderna. Só no mês passado, a Comissão Europeia assinou um contrato para aquisição de 1,8 mil milhões de doses da vacina Pfizer para 2022 e 2023.

Além disso, a diretora executiva da EMA informou ainda que a agência continua a prosseguir as avaliações relativas à vacina da AstraZeneca para determinar se vai ou não atualizar as suas orientações sobre quem deve receber esta vacina, pelo que mais dados serão conhecidos em setembro. Até agora, o regulador europeu continua a referir que os benefícios da administração desta vacina continuam a superar os riscos, tendo feito apenas algumas recomendações mais específicas. Contudo, vários países, incluindo Portugal, decidiram restringir o uso desta vacina a pacientes com mais velhos.

“Quando estas coisas são realmente raras, o problema é que não há nada que possamos dizer imediatamente: ‘Se tiver esta [doença ou problema subjacente], evite uma vacina ou outra’”, sinalizou Emer Cooke ao mesmo jornal, acrescentando que “não estamos nessa fase”. Por fim, a diretora executiva do regulador descartou ainda que o escrutínio adicional à vacina da farmacêutica anglo sueca tenha motivações políticas, dado o “braço de ferro” entre a UE e Londres no ínicio do ano.

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