Maior parte das vítimas de fraude bancária são consumidores “com pouca destreza digital”
Segundo a Deco, capacitar clientes e consumidores para a transição digital da banca, irá contribuir para diminuir as desigualdades no conhecimento e no acesso aos serviços bancários digitais.
A associação para a defesa do consumidor Deco alertou, esta quinta-feira, para o facto de a iliteracia digital ser umas das principais causas das fraudes bancárias, pelo que “é urgente criar formas rápidas para capacitar consumidores frágeis”.
“A maior parte das vítimas dos crimes de fraude bancária são os próprios consumidores e clientes dos bancos com pouca destreza digital”, alerta Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da Deco, que hoje irá participar, em Alvaiázere, na III edição das Conferências do Centro, dedicada ao tema “O Futuro da Banca”, que tem transmissão online.
A Deco está preocupada com a prioridade dada às empresas quando se fala na aplicação dos fundos europeus da chamada “bazuca”, sem que sejam ponderadas, em simultâneo, as ajudas de que muitas famílias irão fatalmente necessitar.
“É urgente criar formas rápidas para capacitar consumidores frágeis com alguma literacia digital e financeira e, dessa forma, evitar fraudes bancárias”, afirma Natália Nunes.
Segundo a Deco, capacitar clientes e consumidores para a transição digital da banca, melhorando os níveis de literacia financeira da população socialmente mais vulnerável, irá contribuir para diminuir as desigualdades no conhecimento e no acesso aos serviços bancários digitais.
“O futuro da banca é um tema que afeta todos os portugueses. Poder debatê-lo aqui, num território de baixa densidade, confirma que muitas questões centrais para o país podem encontrar no interior novas respostas”, afirma Luís Matos Martins, CEO da Territórios Criativos, a empresa de consultadoria e de apoio ao empreendedorismo que organiza as conferências.
O responsável, citado na mesma nota, refere que a iniciativa “vai abrir portas a uma ponderação sobre formas eficazes de tornar mais acessíveis as competências digitais que a banca irá impor aos seus clientes”.
O aumento de fraudes bancárias registado nos últimos meses, muitas delas relacionadas com a aplicação MB WAY, tornou urgente a implementação de medidas específicas para prevenir estes crimes.
“A iliteracia digital é uma emergência social que se tem agravado com o desenvolvimento dos mercados financeiros, a crescente complexidade de produtos, serviços e ferramentas financeiras digitais”, afirma Luís Matos Martins.
A presidente da Câmara Municipal de Alvaiázere, Célia Marques, relembra o encerramento do balcão do Millennium BCP no seu concelho por “critérios de viabilidade económica” e os “transtornos graves que isso causou à população”.
“As pessoas de Alvaiázere ficaram extremamente confrangidas por não terem meios para se deslocar às sucursais mais próximas. Mas, sobretudo, ficaram limitadas por não possuírem conhecimentos suficientes para iniciar uma relação digital com o seu banco”, explica.
A III Conferência do Centro conta, ainda, entre outras, com as participações de João Orvalho (professor do ensino superior e especialista em data science), de Marco Neves (administrador executivo do BPF – Banco Português de Fomento) e de Maria Luísa Aldim (CEO da VGD Consulting).
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