Proposta dos especialistas prevê teletrabalho até final de setembro

O teletrabalho deve manter-se “sempre que possível” pelo menos até ao final de setembro. A conclusão resulta do cruzamento dos objetivos de vacinação com a proposta de atualização dos níveis de desconfinamento dos peritos, apresentada pela pneumologista Raquel Duarte na reunião no Infarmed.

A médica e professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto exibiu um plano para o alívio geral das restrições em Portugal em quatro níveis, tendo agora em conta, pela primeira vez na pandemia, a evolução da vacinação da população. Nos primeiros três, incluindo o atual nível 1, prevê-se o teletrabalho e o desfasamento de horários.

Só a partir do nível 4 é que se aplicam apenas três regras fundamentais, sem necessidade de teletrabalho: ventilação e climatização adequada nos espaços fechados, utilização do certificado digital nos espaços públicos e autoavaliação de risco. Mas o nível 4, em que a vida já estará mais normalizada, pressupõe que 85% da população esteja vacinada contra a Covid-19, ou mais, de acordo com a experiência e análise do que se passa nos outros países.

Ora, na mesma reunião, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, líder da task force que coordena o plano de vacinação, mostrou um quadro em que se assume o objetivo de ter 81% da população totalmente vacinada a 26 de setembro. O quadro não incluía os 85%, valor em que se estima que seja alcançada a imunidade de grupo, mas esse valor deverá ser atingido, espera-se, no final de setembro ou início de outubro.

Assim, seria nessa altura que o país poderia avançar para o nível 4, fase em que poderia ser levantada a obrigatoriedade do teletrabalho, na visão da equipa de Raquel Duarte.

Atualmente, o teletrabalho é apenas obrigatório nos 116 considerados de “risco elevado” e “muito elevado”. Nos restantes municípios, o trabalho à distância é apenas uma recomendação e depende de um acordo escrito entre trabalhador e empregador.

Mas a última palavra cabe ao Governo. Historicamente, é possível que, na hora da decisão, já esta quinta-feira, o Executivo adapte e simplifique a proposta de desconfinamento dos especialistas ouvidos no auditório do Infarmed.

Nível 2 do plano poderia arrancar a 8 de agosto

O cruzamento dos objetivos de vacinação com o plano proposto por Raquel Duarte permite ainda colocar datas no faseamento do alívio de restrições. Assumindo, naturalmente, que a evolução da pandemia se mantém dentro das linhas orientadoras, já atualizadas por outra proposta dos peritos, nomeadamente a passagem do limiar de incidência para 480 casos por 100 mil habitantes (face aos atuais 240 casos por 100 mil habitantes nos concelhos de alta densidade populacional).

• Nível 1: entre 50% e 60% com vacinação completa. É a fase atual, visto que quase metade da população já recebeu as duas doses da vacina (ou uma dose, no caso da vacina de toma única da Janssen).
• Nível 2: entre 60% e 70% com vacinação completa. De acordo com o plano da task force, estes valores serão alcançados no mês de agosto (62% a 8 de agosto, 66% a 15 de agosto, 67% a 22 de agosto e 68% a 29 de agosto).
• Nível 3: entre 70% e 85% com vacinação completa. De acordo com a task force, estes valores serão alcançados em setembro (71% a 5 de agosto, 76% de 12 de setembro, 80% a 19 de setembro e 81% a 26 de setembro).

Consulte aqui a proposta dos especialistas na íntegra: