Créditos de grandes devedores do Novo Banco atraem quatro fundos

Projeto Harvey, com dívidas de grandes clientes como o Grupo Lena e Urbanos, avança para nova fase depois de quatro fundos terem apresentado ofertas não vinculativas ao Novo Banco.

Quatro fundos internacionais avançaram com propostas para a compra de uma carteira de crédito malparado de grandes clientes do Novo Banco. São eles a Deva, a Davidson Kempner, a DDM e o Bank of America Merril Lynch, de acordo com as fontes consultadas pelo ECO.

Tal como o ECO noticiou em primeira mão, o banco liderado por António Ramalho continua em profunda limpeza do seu balanço e colocou recentemente no mercado o designado Projeto Harvey. Trata-se de um portefólio com crédito malparado de duas dezenas grandes devedores do Novo Banco, com créditos com valor contabilístico bruto (sem imparidades) de cerca de 650 milhões de euros. São nomes sobretudo ligados à área de construção e imobiliário, embora o perímetro da carteira possa sofrer alterações até ao desfecho da operação.

Entre os devedores mais conhecidos estão o Grupo Lena e a Urbanos, de Alfredo Casimiro, dono da Groundforce, segundo foi possível apurar. No caso da construtora, a dívida em incumprimento totaliza os 180 milhões de euros. Está à venda depois de um grupo de gestores da construtora de Leiria ter avançado com uma oferta de compra, uma proposta que o Fundo de Resolução terá recusado, ao que tudo indica. Já a dívida da empresa de Alfredo Casimiro – empresário que está em pé de guerra com a TAP e o Governo — é de cerca de nove milhões.

Os fundos tiveram de submeter as propostas não vinculativas até ao passado dia 8 de agosto. Está agora a decorrer a segunda fase, nas quais deverão submeter as ofertas firmes.

O Novo Banco apresenta ainda um rácio de malparado superior a 7%, apesar do esforço realizado nos últimos anos para limpar o legado do BES — chegou a ter 33% de rácio de NPL. Continua, assim, a ter de reduzir a exposição a ativos tóxicos para atingir um rácio de 5%, em linha com as exigências europeias.

Por outro lado, o banco detido pelos americanos Lone Star (75%) e pelo Fundo de Resolução (25%) não é o único com carteiras de malparado e imobiliário no mercado. Santander e BCP (com a venda de ativos de resorts de luxo no Algarve) também colocaram à venda portefólios e outros grandes bancos nacionais também se prepararam para lançar processos.

Contactado pelo ECO, o Novo Banco não respondeu até à publicação do artigo. Em julho, fonte oficial tinha afirmado que, “tal como os restantes bancos que estão no mercado, o Novo Banco está a aproveitar uma oportunidade e apetência do mercado por este tipo de NPL”. E destacou que espera “que esta venda tenha um resultado positivo” nas contas do banco, que fechou a primeira metade do ano com lucros de 137,7 milhões de euros.

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