“É muito importante retomar consolidação das contas públicas”, avisa Centeno

Governador do Banco de Portugal diz que é importante reduzir a endividamento para evitar a subida dos encargos com dívida face ao próximo ciclo de taxas de juro.

Na semana em que o Governo apresentou a proposta do Orçamento do Estado para 2022, o governador do Banco de Portugal sublinhou a importância de o país voltar a uma trajetória de contas públicas equilibradas, sob pena de aumentar os encargos com a dívida para níveis do passado quando houver uma inversão do ciclo de juros nos mercados.

“É muito importante que as contas públicas retomem uma trajetória de consolidação que permita alimentar uma trajetória de redução do rácio da dívida sobre o PIB, para que os juros pagos pela República portuguesa não tenham de novo o peso que tiveram no passado, atendendo ao ciclo das taxas de juro que não é controlável à partida”, avisou Mário Centeno esta sexta-feira num evento da Câmara do Comércio Americana, em Lisboa.

Numa intervenção que durou cerca de 40 minutos, o antigo ministro das Finanças lembrou que Portugal conseguiu, nos últimos anos, “imprimir a redução da dívida que não teve paralelo na Europa” e tem agora a “obrigação de continuar” esta trajetória.

“Se assim fizermos, será, do ponto de vista do país, o melhor contributo que podemos dar para enfrentar ciclo de juros que não podemos controlar”, apontou Mário Centeno, recordando que “80% do aumento do endividamento em Portugal em 2020 e 2021 foi publico, apenas 20% foi privado”.

Os juros da dívida pública de vários países subiram significativamente nas últimas semanas devido aos receios dos investidores em relação à inflação, e vários bancos centrais já anunciaram uma inversão dos estímulos para travar a subida acentuada dos preços.

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou que vai baixar o ritmo de compras de dívida pública e tem sido pressionado pelos chamados “falcões” a inverter a política da taxa de juros face ao cenário de inflação acima do objetivo de 2%.

A este propósito, Mário Centeno, que integra o conselho de governadores do BCE, repetiu a mensagem de que o pico da inflação é passageiro e que se deve a fatores temporários, incluindo a redução do IVA na Alemanha e os baixos preços do petróleo no ano passado e cujos efeitos bases se estão a fazer sentir agora na aceleração dos preços.

“As análises que temos no BCE dizem-nos que são, no essencial, efeitos temporários” a puxar pela inflação, referiu o governador do Banco de Portugal.

Em relação aos preços do petróleo, Centeno disse mesmo tratar-se de uma subida “aparentemente descontrolada”, mas também ela temporária. “Quero recordar que se transacionou petróleo a preços negativos durante a crise e (…) temos agora a reversão numa escala muito significativa e aparentemente descontrolada, mas só aparentemente”, destacou o governador do Banco de Portugal.

Isto é, o efeito base que está por detrás da escalada dos preços do petróleo irá desaparecer futuramente, deixando de ser um fator de pressão na inflação.

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