Fora do H2Sines, EDP revela a sua nova estratégia para o hidrogénio verde

Para já, a elétrica vai ser a principal fornecedora deste gás renovável ao complexo petroquímico da Repsol, em Sines, anunciou o CEO. As duas empresas querem cooperar no hidrogénio em Espanha.

Depois de ter abandonado este ano o mega consórcio H2Sines, a EDP já está a apostar em força na sua nova estratégia própria de desenvolvimento de projetos de hidrogénio verde. Tudo a partir do quartel-general, em Sines. Até 2025 serão cerca de 250 MW de eletrolisadores, com as decisões finais de investimento a terem de ser tomadas também por essa altura, e uma capacidade instalada de renováveis entre 500 MW e 1 GW.

Para começar, a elétrica assinou já uma parceria com a Repsol, no âmbito da qual será a principal fornecedora deste gás renovável ao complexo industrial que petrolífera espanhola já tem em Sines, e no qual vai investir mais 657 milhões de euros para construir duas novas fábricas de polímeros até 2025.

A garantia foi dada pelo CEO da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade, em resposta aos analistas no EDP ESG Day, acrescentando que o memorando de entendimento com a Repsol inclui “o fornecimento de hidrogénio verde ao complexo petroquímico de Sines e outras em centrais que ambas as empresas detêm em Espanha”.

“Será uma parceria que criará muito valor”, garantiu.

O CEO não avançou ainda números ou datas para esta parceria, mas garantiu que é algo que “está em desenvolvimento”. A EDP e a Repsol querem então avançar juntas no hidrogénio verde em Sines. O acordo prevê a avaliação de oportunidades de investimento das duas empresas em novos projetos de hidrogénio renovável em Portugal e Espanha. Sines, Astúrias e País Basco são as primeiras localizações.

“Em relação a Sines, tínhamos uma central a carvão com 1,2 GW, que foi descomissionada e agora estamos a trabalhar arduamente em projetos adicionais naquela área para que aproveitem infraestruturas e capital humano naquela localização”, disse Stilwell.

E acrescentou: “Por isso estamos já a desenvolver um projeto de hidrogénio em Sines, em consórcio, que já teve um investimento europeu de 30 milhões e terá 100 MW até 2025, podendo ser expandido além disso”.

Também esta quinta-feira, no seu ESG Day, a EDP anunciou que três dos seus projetos de produção de hidrogénio verde em Espanha — dois deles associados com as centrais a carvão de Aboño (ainda a funcionar e que está prevista para encerrar em 2025) e Los Barrios (já fechada, que a EDP herdou da Viesgo) — foram já pré-selecionados e estão agora a ser avaliados pela Comissão Europeia para integrar a primeira onda de Projetos Importantes de Interesse Comum Europeu (IPCEI) na área de hidrogénio.

Uma vez atribuído este estatuto por parte de Bruxelas, os projetos eleitos são considerados como prioritários e têm mais facilidade na obtenção de fundos comunitários significativos.

Além disso, sublinhou Ana Quelhas, responsável da Unidade de Negócio de Hidrogénio Verde da EDP no evento EDP ESG Day, que decorreu online, outros projetos de hidrogénio da empresa já foram selecionados para receberem financiamento público, como é exemplo o projeto de Sines para 100 MW, que está a ser desenvolvido no próprio local da central a carvão já descomissionada, e que foi um dos três projetos europeus financiados pelo Green Deal.

“O hidrogénio será uma grande nova rota para o mercado. Será necessário para descarbonizar o que não pode ser eletrificado. Em 2050 deverá ser 15 a 20% da procura de energia no mundo. Hoje o seu custo de produção é mais elevado, mas vai cair”, disse Ana Quelhas.

A EDP quer estar presente em toda a cadeia de valor do hidrogénio e criou uma Unidade de Negócio própria com foco nos mercados da Península Ibérica, EUA, e Brasil. Neste momento já estão a desenvolver grandes projetos de larga escala em centrais a carvão em Portugal (Sines), Espanha e Brasil (Pecém, que só encerrará em 2026), tomando vantagem de infraestruturas já existentes, boas fontes renováveis, indústrias locais e portos relevantes.

Têm também projetos de pequena escala, com aplicações específicas industriais ou de mobilidade — hubs energéticos — integração de eletrolisadores em centrais elétricas e em centrais térmicas em Portugal e Brasil.

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