Juros da dívida portuguesa disparam com BCE sob pressão

Custo de financiamento de Portugal e também dos países do sul da Europa agravaram-se consideravelmente, com os investidores a anteciparem-se a uma subida dos juros do BCE em julho.

A taxa de juro das obrigações portuguesas a dez anos regista esta sexta-feira a maior subida desde o início da pandemia, em março do ano passado, acompanhando o agravamento do custo de financiamento dos países do sul da Europa, com os investidores a anteciparem-se a uma subida dos juros do Banco Central Europeu (BCE) em julho.

A yield associada à dívida portuguesa a dez anos está a subir mais de 13 pontos base para os 0,547% ao início da tarde desta sexta-feira, o valor mais elevado desde maio.

Juros a 10 anos em forte alta

Fonte: Reuters

Também os juros das obrigações a cinco anos estão em alta de 11 pontos base, embora se mantenham em terreno negativo: -0,146% era a taxa que se registava há momentos no mercado secundário, de acordo com os dados da Reuters.

Espanha e Itália também observam um agravamento da perceção de risco da parte dos investidores. A taxa das obrigações espanholas a dez anos avança para 0,624%, a mais elevada desde junho de 2020, ao mesmo que os juros italianos no mesmo prazo sobem para 1,163%, o valor mais alto desde julho de 2020.

Já a taxa das bunds alemãs a dez anos, a referência na Zona Euro, embora continuando a negociar em valores abaixo de 0%, também se agrava para -0,082%.

Estas subidas surgem depois de a presidente do BCE, Christine Lagarde, não ter correspondido às expectativas dos investidores em relação às perspetivas de evolução das taxas de juro de referência na Zona Euro para responder à escalada dos preços. Os mercados monetários antecipam agora uma subida de dez pontos base das taxas diretoras em julho do próximo ano, o que deixa dúvidas sobre que implicações terá para o programa de compra de dívida.

“Os investidores foram rápidos a rejeitar as garantias de Lagarde após a reunião do BCE, claramente considerando que as previsões do banco central para a inflação não são confiáveis e que eventualmente serão forçados a subir muito mais cedo do que o previsto, já que as pressões sobre os preços persistem”, explica Craig Erlam, analista da Oanda.

“Vimos algumas grandes movimentações nas yields da área do euro desde a reunião do BCE, que continua até o final da semana”, acrescentou.

Segundo a Reuters, os membros do BCE discutiram o risco de a taxa de inflação, atualmente em máximos de 13 anos, permanecer acima da meta do banco central em 2022 e também se mostraram divididos sobre se irá cair em 2023.

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