COP26: Sete tendências de sustentabilidade

  • Capital Verde
  • 30 Outubro 2021

A queda dos custos verdes, a descarbonização dos setores mais difíceis de mitigar, a valorização do carbono, são algumas das tendências identificadas pela McKinsey.

Durante a próxima semana, estarão reunidos em Glasgow, líderes de todo o mundo, dos setores público e privado, para a 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, conhecida como COP26, com o objetivo de discutir o caminho a percorrer para a construção de um futuro neutro em carbono. Neste contexto, a consultora McKinsey identificou sete tendências a ter em atenção no que diz respeito à sustentabilidade.

Queda dos custos ecológicos

No que respeita à adoção de fontes de energia renováveis, tais como energia eólica, solar e hidroelétrica, já se regista uma grande mudança, garante a McKinsey. No entanto, é possível observar uma queda progressiva dos custos, o que pode ajudar a acelerar uma adoção mais generalizada. Contudo, há que notar o efeito não linear desta redução: os custos das novas tecnologias são mais elevados do que as tecnologias obsoletas, e a sua adoção é, por isso, baixa. No entanto, uma vez registadas quedas nos custos, a mudança será rapidamente acelerada.

Esta tendência também se observa em veículos elétricos e baterias. Algumas aplicações estão a começar a alcançar a paridade dos custos com os veículos de motores de combustão interna. Esses custos podem cair ainda mais, o que se refletirá na economia e nas tecnologias de transporte, e terá um impacto relevante para o clima, natureza e pessoas.

Descarbonização dos setores difíceis de mitigar

Na trajetória atual, mesmo que cada uma das promessas climáticas seja cumprida, o mundo pode ficar aquém do objetivo líquido de emissões zero. A McKinsey observa que é especialmente importante resolver a equação das emissões zero, particularmente em setores nos quais a redução de emissões é mais difícil, tais como a aviação, transporte marítimo e aço. A este respeito, é necessária a colaboração entre os setores público e privado.

Valorização do carbono

Uma das áreas chave em discussão na COP26 será o artigo 6 do Acordo de Paris, que está relacionado com os mercados de carbono. As empresas estão a analisar ativamente a melhor forma de fazer a transição dos seus negócios através de ações como ajuste de portfólios, redução das emissões, e a entrada em novos negócios. É importante definir os incentivos de mercado mais corretos. Os mercados internacionais de carbono desempenham um papel importante e, nesse sentido, a McKinsey está envolvida com a Taskforce on Scaling Voluntary Carbon Markets (TSVCM), através do seu conhecimento sobre este setor.

Um mercado voluntário de créditos de carbono permite que os mesmos compensem as emissões que as entidades não podem eliminar por outros meios. Agora que se observa um maior compromisso por parte das organizações e países para cumprir o objetivo de emissões zero, a grande pergunta é: Como? Esta conferência é uma oportunidade crítica para os líderes se reunirem e debaterem o que é necessário – através da tecnologia, financiamento, novos modelos de negócio, regulação, políticas, entre outros.

Novos modelos de financiamento climático

A chave da transição para uma economia zero emissões reside no lançamento ou extensão das ambições no que respeita aos contributos dos países ou planos nacionais sobre o clima, e num maior compromisso das empresas no alcance dos objetivos zero emissões. Uma grande parte do sucesso desta transição pode depender do financiamento climático.

Mark Carney, o enviado especial da ONU para ações e financiamento climático, publicou recentemente um conjunto de recomendações para investidores sobre a monitorização dos seus portfólios no caminho para as zero emissões. A McKinsey antecipa que haverá uma verdadeira articulação da necessidade da indústria financeira (bancos, gestores de ativos, proprietários de ativos e outros stakeholders) para se mobilizar e alinhar nos esforços climáticos.

A transição na Alemanha

No verão passado, a Alemanha aprovou uma nova edição da Lei de Proteção do Clima, que fixa o objetivo nacional de alcançar a neutralidade carbónica em 2045. Tratando-se da maior economia nacional da Europa e o principal exportador, a Alemanha desempenha um papel central na transformação do continente no caminho para a neutralidade climática. Ainda que o país se encontre numa posição de partida sólida, nada disto será possível sem ações concretas – especificamente nos cinco setores com uso mais intensivo de emissões: energia, indústria, transporte, edifícios e agricultura.

A COP26 pode trazer uma cristalização destes planos, juntamente com um compromisso de incubar novos modelos de negócio e investir em ativos físicos e novas tecnologias. No entanto, tudo depende do compromisso dos líderes empresariais e do amplo apoio dos cidadãos. Esta ação teria implicações significativas para fortalecer a posição da Alemanha como um centro industrial, e para criar novos empregos para o futuro.

Conservação da natureza

Desde a publicação do relatório da McKinsey sobre o valor da conservação da natureza no ano passado, que apontava para um maior aquecimento global durante a próxima década e um maior risco de eventos perigosos (inundações, ondas de calor) juntamente com outros efeitos socioeconómicos associados, cada vez mais stakeholders compreendem que as crises climáticas e de biodiversidade estão ligadas e não podem ser resolvidas de forma isolada. Os modelos da McKinsey mostram que manter o aumento da temperatura abaixo dos 1,5 graus não é possível sem um grande investimento na natureza. Da mesma forma, se a crise das alterações climáticas não for resolvida, a biodiversidade – tanto em termos de variedade de espécies como de tamanho populacional – continuará o seu declínio atual.

De acordo com dados da McKinsey, a economia verde tem o potencial de pelo menos 500 mil milhões de dólares (cerca de 431 mil milhões de euros) em termos de criação de PIB, criação de emprego para 30 milhões, bem como uma melhoria significativa para as comunidades rurais remotas.

Embora a tecnologia tenha um papel muito importante a desempenhar na descarbonização, grande parte da mesma levará anos a ser dimensionada. As oportunidades baseadas na natureza estão hoje disponíveis à escala, incluindo abordagens bem estabelecidas tais como proteção ou restauração de florestas, juntamente com soluções mais inovadoras ou emergentes como a proteção ou restauração de ecossistemas de algas marinhas ou pântanos salgados, gestão de incêndios florestais ou criação de algas marinhas em alto mar.

Adaptação climática

A adaptação climática é extremamente importante. A investigação da McKinsey mostra que os riscos físicos relacionados com o clima continuarão a aumentar, independentemente dos progressos que possam ser feitos na redução das emissões. Ainda se justifica algum grau de aquecimento devido à inércia física de sistemas antigos; como resultado, é preciso implementar medidas para gerir esse risco. Estas medidas são particularmente importantes porque o risco físico tem tudo a ver com as nossas próprias vidas e meios de subsistência, e tem impacto na habitabilidade, viabilidade, bens físicos, capital natural e muito mais. A adaptação climática é também importante devido ao impacto potencial para as cadeias de abastecimento e clientes, e mais amplamente, para as comunidades.

Contudo, é possível verificar um maior entusiasmo em relação à adaptação às alterações climáticas, em parte porque se observa um maior impacto dos perigos físicos. A pandemia provocada pela COVID-19 também contribuiu para esta mudança de perspetiva devido aos efeitos colaterais da pandemia, que começou como um problema de saúde pública e está a redefinir os sistemas socioeconómicos. Os governos e as empresas, por exemplo, estão a integrar cada vez mais o risco climático na tomada de decisões.

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