Guia rápido para a COP26. 10 conceitos que tem (mesmo) de conhecer na luta climática

  • Capital Verde
  • 11 Novembro 2021

Embora haja muitas incógnitas sobre a forma como as coisas se vão desenrolar na COP26, uma coisa é certa: haverá muitos termos e acrónimos sobre o clima, diz a Schroders.

Na opinião de Jo Marshall, investidora da Schroders, as COP anteriores resultaram em compromissos climáticos memoráveis – como a COP21, que se realizou em 2015, e que levou quase 200 países a assinarem o Acordo de Paris.

Diz a especialista que o Acordo de Paris compromete os países a limitar o aquecimento global entre 1,5 C – 2 C, acima dos níveis pré-industriais, para manter um clima habitável. Há alguma incerteza quando se projetam as implicações de mudanças sem precedentes na atmosfera, mas com as temperaturas globais a situarem-se já 1 C acima da base histórica e a escalar a uma velocidade feroz, a necessidade de alterar o rumo da economia global torna-se cada vez urgente e gritante.

Simon Webber, um dos principais gestores de investimento da Schroders, que investiu nas tendências das alterações climáticas nos últimos 15 anos, afirma: “Algumas conferências podem ser uma formalidade, mas a COP26 é sem dúvida a conferência climática mais importante de uma década”.

Espera-se que no final da COP os líderes globais informem sobre os progressos do seu país relativamente aos objetivos estabelecidos no Acordo de Paris e poderão ser tomadas novas decisões quanto à forma de reduzir as emissões de carbono.

Embora haja muitas incógnitas pela frente, tais como a forma como as coisas se vão desenrolar entre os EUA e a China, uma coisa que sabemos com certeza é que haverá muitos termos e acrónimos sobre o clima (como de costume), diz a investidora da Schroders

Para desmistificar e clarificar alguns dos termos mais comuns, que deve conhecer, Jo Marshall elaborou este guia rápido.

  • Emissões evitadas

São as reduções de emissões que ocorrem através da substituição de uma atividade com elevadas emissões de carbono por outra atividade com baixas emissões de carbono. Estas reduções não se podem refletir na pegada de carbono de um produto ou de uma atividade como medida pelos gases com efeito de estufa que este emite. Mas ajudam a reduzir as emissões totais em toda a economia.

Hannah Simons, Head of Sustainability da Schroders, explica: “Pense numa conferência hipotética. Num contexto pré covid, esta conferência poderia ter atraído milhares de indivíduos vindos de todo o mundo. Num contexto Covid, muitos destes indivíduos optariam por participar virtualmente. As emissões relacionadas com as viagens poupadas por estes indivíduos seriam chamadas emissões evitadas”.

  • Mercado de carbono (incluindo compensações de carbono)

Um sistema comercial em que os países ou empresas podem negociar créditos ou compensações de carbono a fim de respeitarem os limites nacionais. Esses mercados podem ser regulados (refletindo leis que exigem que as empresas garantam créditos proporcionais às suas emissões) ou voluntários (onde os compradores escolhem adquirir créditos gerados por atividades de redução de carbono).

Andy Howard, Head of Sustainable Investment na Shroders comenta “As companhias aéreas, por exemplo, libertam muito carbono. Para compensar isto, podem plantar árvores ou pagar a uma empresa externa para o fazer. Isto seria um tipo de compensação de carbono”.

  • Emissões líquidas zero

Ocorre quando a quantidade de carbono emitida é igual à quantidade de carbono a ser removida da atmosfera (quer através da compra de créditos de carbono, quer através de compensações de carbono). A este nível, a posição global é uma das “emissões líquidas de carbono zero”.

Mais de 130 países comprometeram-se ou estão a considerar comprometer-se a emissões líquidas nulas até 2050. Os dados sugerem que um quinto das maiores empresas públicas do mundo estabeleceram metas líquidas zero (em março de 2021).

Saida Eggerstedt, Head of Sustainable Credit, European and Sustainable Credit na Schroders e especialista em investimento neutron em carbono, afirma “Gostaria de ver compromissos muito mais acionáveis por parte de todos os governos no sentido da neutralidade de carbono. Para cumprir o caminho sustentado na ciência de limitar o aumento da temperatura global, eles precisam de agir a curto e médio prazo”.

  • Financiamento climático

Financiamento que é utilizado para combater as alterações climáticas. Pode ser utilizado para reduzir as emissões de carbono ou para promover formas de adaptação, mitigação e resistência aos efeitos das alterações climáticas.

Em 2015, os países desenvolvidos comprometeram-se a disponibilizar 100 mil milhões de dólares por ano, até 2020, para combater as alterações climáticas nos países em desenvolvimento.

Saida Eggerstedt afirma: “Gostaria de ver a atribuição de recursos financeiros e ajuda técnica aos países em desenvolvimento e zonas ameaçadas, a acontecer imediata e urgentemente”

  • Transição justa

A transição para uma economia global de baixo carbono que não prejudique indevidamente as economias mais fracas ou partes das sociedades.

Andy Howard comenta: “A transição justa é tanto um objetivo como um requisito: um acordo global entre os decisores políticos que representam cada parte da economia global não será possível, a menos que todos considerem o plano justo”.

  • Contribuições determinadas a nível nacional (NDC)

Objetivos individuais de redução de emissões dos países e planos de adaptação aos impactos climáticos. São atualizados de cinco em cinco anos para assegurar que estão em conformidade com as metas globais de temperatura, pelo que a COP26 deveria ver concretizadas novas metas, muitas das quais foram anunciadas ou seguidas ao longo dos últimos 12-18 meses.”

Kate Rogers, Head of Sustainability, Wealth na Schroders afirma: “Atualmente, a soma destes CND não é suficiente para cumprir a meta de 1,5 graus de aquecimento, pelo que precisamos urgentemente de ver os países estabelecerem metas mais ambiciosas para a redução de emissões”.

  • Soluções baseadas na natureza

São ações que protegem, gerem de forma sustentável e restauram o meio ambiente, tais como a inversão da desflorestação e a aceleração da transição para uma agricultura sustentável.

Hannah Simons explica: “As alterações climáticas e a atividade humana resultaram em perda de biodiversidade e em danos no capital natural, o que representa um risco existencial para a vida tal como a conhecemos. Esperamos, por isso, ver muitos países a incluir soluções baseadas na natureza nos seus planos climáticos, na COP26”.

  • Emissões de âmbito 1

São emissões diretas dentro dos limites organizacionais de uma empresa, a partir de fontes que a empresa possui ou controla, incluindo veículos da empresa e combustão de combustíveis numa fábrica da empresa.

  • Emissões de âmbito 2

Emissões indiretas adquiridas ou compradas de eletricidade, vapor, calor e arrefecimento.

  • Emissões de âmbito 3

Todas as outras emissões indiretas como, por exemplo, viagens de negócios, entregas, deslocações pendulares ou resíduos de uma cadeia de abastecimento de uma empresa.

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