Quatro em cada dez empresas esperam resultado líquido inferior a 2019

43% das empresas inquiridas pela AIP anteveem que o resultado líquido em 2021 será inferior ao registado em 2019, antes da pandemia. Só 8% têm "muita expectativa" no PRR.

Quatro em cada dez empresas inquiridas num estudo da Associação Industrial Portuguesa (AIP) estimam um resultado líquido inferior em 2021 ao obtido em 2019. A tendência é mais vincada no setor do alojamento e restauração, onde 68% das empresas antevê um ano de 2021 com menos lucros ou mais prejuízos do que antes da pandemia.

O estudo da AIP ao contexto empresarial foi realizado entre 16 e 22 de outubro e contou com as respostas de 688 empresas de todo o país. O indicador do resultado líquido é apenas um dos vários medidos pela associação, sendo que 29% das empresas não anteveem alterações em 2021 face a 2019 e 28% apontam para um aumento do resultado líquido este ano.

Ainda assim, 58% das empresas preveem aumentar ou manter o volume de negócios em 2021, sobretudo as grandes empresas (56%), o setor industrial (45%) e as exportadoras (45%). A maioria das empresas não prevê grandes alterações na estrutura de balanço, com a exceção das que apontam para um aumento da dívida à banca (30%) e da dívida a clientes (31%).

Numa altura em que as empresas enfrentam desafios complexos por causa das ondas de choque provocadas pela pandemia, as empresas inquiridas pela AIP calculam que, em 2021, o maior aumento de custos em 2021 face a 2019 será com os combustíveis (79%), matérias-primas (68%), eletricidade e gás (66%) e pessoal (62%).

O impacto da subida dos preços dos combustíveis é mais vincado no setor da agricultura, onde todas as empresas (100%) anteveem um aumento dos encargos. Já no que toca à eletricidade e gás, a escalada dos preços deverá ter um impacto superior nas empresas industriais (78%), mas também nas médias empresas (73%).

Numa altura em que alguns especialistas admitem que Portugal está já numa fase endémica da Covid-19, o estudo aponta que 48% das empresas (sobretudo as de grande e média dimensão) consideram que estão numa fase de retoma do ciclo económico, contra 14% que estimam estar num contexto recessivo e 38% (principalmente pequenas empresas e do setor industrial) estão em fase de transição.

“A carga fiscal, os custos com combustíveis, energia e custos com pessoal são fatores considerados com mais impacto no desempenho das empresas. Todavia, no setor industrial, a rigidez do despedimento individual e o fim do banco de horas individual nas médias empresas são referidos como fatores de grande relevância, o que não ocorre noutros setores e em empresas de outra dimensão”, explica a AIP num comunicado que acompanha a apresentação das conclusões do estudo.

Só 8% têm “muita expectativa” no PRR

Outro dos temas sobre o qual se debruçou o inquérito da AIP é o do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o programa que orienta a aplicação dos fundos europeus da chamada “bazuca”. Sobre este aspeto, só 8% das empresas inquiridas dizem ter “muita expectativa” no plano. Em simultâneo, 22% das empresas dizem que o PRR é uma “deceção”. Já 37% não têm nenhuma expectativa e 33% têm “expectativa moderada”, de acordo com a AIP.

As pequenas empresas são as mais dececionadas com o plano apresentado pelo Governo, enquanto as microempresas são as que, em número superior, se mostram sem qualquer expectativa face ao PRR. Principalmente, são as grandes empresas que têm “muita expectativa” na aplicação do dinheiro vindo da Europa.

Já no que toca ao PT 2030, o próximo quadro comunitário, os resultados são ligeiramente mais positivos: 12% das empresas têm “muita expectativa”, 46% têm “expectativa moderada” e 42% não têm expectativa.

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