Mais de metade dos colaboradores tem benefícios flexíveis. 35% gostaria que empresa oferecesse subscrição da Netflix
Despesas de formação e de saúde são os benefícios mais usados pelos portugueses, segundo o estudo da Coverflex, a que a Pessoas teve acesso. Mas 35% gostaria de ter subscrição da Netflix.
Quase seis em cada dez colaboradores em Portugal (56,1%) têm acesso a benefícios flexíveis nas empresas em que trabalham. São também as gerações mais jovens e os profissionais com um trabalho “muito flexível” que têm mais acesso a estes benefícios, em particular os colaboradores que trabalham no setor das TI. Nos benefícios — à semelhança dos salários — também não há paridade de género e, se pudessem escolher que benefícios receber das empresas, 35% dos profissionais preferia produtos de “poupança & reforma (PPR, plano de pensões)”, tantos quantos aqueles que listam “subscrições Netflix, Spotify, etc.”, conclui o estudo “O estado da compensação 2021-22”, realizado pela Coverflex, a que a Pessoas teve acesso. Em média, os portugueses recebem em média 200 euros em benefícios flexíveis.
“Quanto maior flexibilidade tem o modelo laboral, maior a disponibilização de benefícios flexíveis. A realidade é que a flexibilidade não surge, isoladamente, numa única dimensão das empresas. As organizações mais flexíveis transformam-se de dentro para fora e, por isso, é natural que essa flexibilização surja em várias vertentes”, começa por dizer Miguel Santo Amaro, CEO da Coverflex.
Apesar de mais de metade dos inquiridos ter acesso a benefícios flexíveis, 27,7% dos profissionais dizem não contar com compensação flexível, e 16,2% mostra ainda um desconhecimento sobre o tema. Mas é possível traçar uma tendência: são as gerações mais jovens e os profissionais que referem ter um trabalho “muito flexível” que têm mais tem acesso a este tipo de benefícios, com as despesas de educação e formação, seguidas das despesas de saúde e bem-estar a serem as mais utilizadas.
Entre os trabalhadores que mais têm acesso a benefícios flexíveis, considerando o tipo de flexibilidade laboral, são os que referem ter um trabalho “muito flexível” os que lideram o pódio (70,1%), seguidos daqueles que têm trabalho “flexível” (61,43%). Em contrapartida, podemos estabelecer uma relação direta com o trabalho “muito rígido”, que apresenta uma ausência de benefícios flexíveis na ordem dos 62,2%.
“É para nós natural que as organizações olhem para a felicidade e para o bem-estar dos seus colaboradores de um ponto de vista holístico, que vai desde o local a partir do qual trabalham, até ao horário mais flexível, passando pela adoção de políticas de benefícios adaptadas à realidade atual de cada colaborador. Isso significa que se as necessidades de um colaborador, hoje, mudarem, o plano de benefícios tem de ser tão flexível quanto o ajuste a essa mudança“, continua.
No entanto, se os trabalhadores que menos recebem benefícios flexíveis são os que se encontram em regime presencial, estas são também as pessoas que mais valorizam a compensação flexível (7,84 pontos em 10, contra 7,51 pontos dos trabalhadores em regime híbrido e 7,47 pontos dos colaboradores em regime remoto).
Além disso, a compensação flexível é mais comum entre as gerações mais jovens. As pessoas com idades entre os 55 e os 64 anos são as que menos têm benefícios flexíveis dentro do total da amostra analisada (43,7%). E em matéria de género, o sexo feminino é tendencialmente o que tem menos acesso a benefícios flexíveis nas empresas, com 32,2% das mulheres a referirem a sua ausência, contra apenas 22,6% dos homens.
“Adaptar a remuneração – fixa e flexível – às características de cada geração – e de cada colaborador – pode funcionar como um fator de atração e de retenção de talento, assim como ser a base para uma employee experience mais personalizada. É essa experiência, cada vez mais à medida, que todos procuramos enquanto talento, nas organizações”, refere Miguel Santo Amaro, salientando que a compensação flexível e personalizada pode ser um trunfo valiosa na contratação.
Já no que toca aos setores de atividades que mais utilizam a compensação flexível, é possível concluir que os trabalhadores que mais têm acesso a benefícios flexíveis estão nas indústrias de IT e desenvolvimento de software (68,9%), consultoria e gestão (67%) e serviços financeiros (63,3%), que são também os que menos têm dúvidas sobre o que são benefícios flexíveis.
35% gostava que subscrição da Netflix e Spotify fosse um benefício oferecido pela sua empresa
Mas nem sempre os benefícios que estão a ser concedidos pelas empresas correspondem com os que os profissionais realmente desejam. Enquanto as despesas de educação e formação (77%), as despesas de saúde e bem-estar (72,2%) e as despesas com tecnologia (58,8%) são as que ocupam o pódio no que toca aos benefícios mais usados pelas organizações — tendência que a Coverflex associa à evolução do mercado de trabalho, que cada vez mais testemunha percursos de reskilling e upskilling, assim como à procura de melhor qualidade de vida, decorrente da situação pandémica que atravessamos — as preferências dos portugueses estão na “poupança & reforma (PPR, plano de pensões)” (35%), “subscrições Netflix, Spotify, etc.” (35%) e “despesas de saúde & bem-estar” (31%).
E entre as inspirações de benefícios flexíveis mais desejadas pelos inquiridos estão o “alojamento”, “banco de horas”, “carro”, “combustível”, “compra de dias de férias”, “crédito habitação”, “criptomoedas”, “descontos em lazer”, “eletricidade”, “horas extraordinárias e noturnas”, “compra de ações da empresa”, “prémio de desempenho” e “viagens/mobilidade”.
A compensação em criptomoedas é, aliás, um benefício que a Coverflex considera ser uma das tendências neste setor. “Mais de dois em cada dez trabalhadores (23%) têm ‘interesse’ ou ‘muito interesse’ em receber criptomoedas como benefício nas suas empresas. Desses, a maioria (26,8%) encontra-se em trabalho remoto”, pode ler-se.
Também a preferência pelo adiantamento salarial pode ganhar peso no futuro. Para já, “um em cada dez trabalhadores gostaria de receber, via benefícios flexíveis, adiantamento salarial, ainda que 36% dos inquiridos refira nunca ter pensado nessa possibilidade”. Os colaboradores mais novos (18-24 anos) são aqueles que manifestam maior interesse nesta opção (12,3%).
Trabalhadores remotos recebem quase 250 euros em benefícios
Apesar de o trabalho ter mudado, sobretudo depois de quase dois anos de pandemia que vieram acelerar processos ligados à flexibilidade e à personalização na atração e retenção de talento, a compensação continua a ser “imperfeita”. Apenas 18% dos inquiridos considera que os seus benefícios flexíveis lhe dão a flexibilidade desejada.
E o valor mensal disponível para benefícios flexíveis continua baixo: menos de 200 euros por mês. Seis em cada dez pessoas recebem um valor inferior a 200 euros por mês (59,3%). Apenas 4,8% dos inquiridos afirma receber mais de 500 euros mensais em benefícios flexíveis.
Nesta matéria, os trabalhadores remotos são os que auferem maior saldo em benefícios (248,85 euros, em média), quando comparados com os 222,95 euros dos colaboradores em regime híbrido e os 197,01 euros mensais dos empregados em trabalho presencial.
No estudo “O estado da compensação 2021-22” participaram 814 pessoas, maioritariamente na faixa etária entre os 25 e os 34 anos, residentes dos distritos de Lisboa e Porto, e colaboradoras de empresas com mais de 500 funcionários.
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