Governo mantém silêncio sobre venda da Efacec

O Governo prometia uma decisão sobre a reprivatização da Efacec até ao final de 2021, mas a dias do fim do ano ainda não há novidades. Conselho de Ministros reúne esta quarta-feira.

A dias do fim do ano, o Governo mantém um silêncio absoluto sobre o processo de reprivatização da Efacec. Pedro Siza Vieira tinha prometido há meses, e repetido, que a venda estaria concluída até ao fim de 2021, mas o negócio com a DST exige garantias e capital público que superam os 300 milhões de euros. Agora, há um último conselho de ministros, já esta quarta-feira, para uma eventual decisão, mas oficialmente o Governo não revela se o tema estará na agenda.

A decisão de reprivatização ainda vai ser tomada até ao final do ano. O Estado não tem vocação para gerir empresas industriais”, garantia Siza Vieira no início de dezembro.

O ECO questionou oficialmente os ministérios das Finanças e da Economia sobre o processo de reprivatização de mais de 71% do capital da Efacec, mas não obteve respostas. Mas outras fontes admitem que o processo poderá não ir a Conselho de Ministros nesta última semana do mês, até porque não estava na agenda do encontro. E o processo negocial continua. Nas últimas duas semanas sucederam-se as reuniões e haverá ainda esta terça-feira mais um encontro com a DST, liderada por José Teixeira.

Quanto é que vai custar ao Estado (leia-se aos contribuintes) a “venda” da Efacec à DST? As contas ainda não estão fechadas, mas segundo a última avaliação do Haitong, o banco assessor da operação, a Parpública assumirá compromissos de 232,5 milhões de euros… só que este valor já estará ultrapassado e, neste momento, está em cima da mesa uma garantia de 171 milhões de euros a que se somarão mais 140 milhões de euros de empréstimo perpétuo do Banco de Fomento, a taxa zero. Portanto, pelo menos 311 milhões.

O processo é complexo e de acordo com informações do ECO, o primeiro-ministro António Costa terá sido surpreendido com os valores implícitos na operação de reprivatização, rejeitando um negócio nestes termos. As negociações continuam, de qualquer forma, com o envolvimento direto do secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, que defenderá a viabilidade da operação. Mas há governantes que defendem a manutenção da Efacec no universo do Estado (Parpública) em vez da venda, para uma reprivatização a prazo, mas defendem mudanças na gestão da empresa industrial, que é hoje liderada por Ângelo Ramalho

As contas da Efacec, como revelou o ECO em primeira mão, apresentaram uma degradação crescente em 2021 face aos números apresentados aos potenciais compradores. A dívida líquida (net/debt) atingirá os 210 milhões de euros, um valor claramente superior ao valor projetado quando o processo de reprivatização se iniciou, e que era de 104 milhões de euros. O desvio das contas da Efacec projetado para 2021 em comparação com os valores inicialmente previstos é relevante. O EBITDA ficará nos 23,6 milhões negativos quando a projeção apontava para 22,9 milhões de euros positivos, enquanto a faturação ficará nos 238 milhões, menos 84 milhões de euros do que o previsto. O Haitong alerta mesmo, neste documento, que “ao longo do processo” as projeções da Efacec “nunca se concretizaram, revelando-se sempre otimistas e pouco fiáveis”.

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