Preços altos da energia vão castigar empresas este ano e “contaminar” 2023

Do lado das elétricas, "as perspetivas mais favoráveis apontam para um período de manutenção de preços altos durante o ano 2022, que vai ainda “contaminar” a entrada em 2023".

Tanto quem vende energia elétrica às grandes empresas em Portugal como quem a compra em quantidades massivas para poder operar o seu negócio, estão de acordo num ponto: depois de um 2021 marcado por sucessivos recordes e máximos históricos, os preços da eletricidade vão manter-se altos em 2022, com “ecos” que poderão perdurar mesmo até 2023.

“Tendo por base o mercado de futuros é expectável a continuação de preços elevados para a energia elétrica em 2022, com um eventual abrandamento a partir de 2023″, antevê fonte da Associação Portuguesa dos Industriais Grandes Consumidores de Energia Elétrica, em declarações ao ECO/Capital Verde.

Do lado das elétricas, diz Miguel Mendes, o diretor do segmento de B2B da Endesa, “as perspetivas mais favoráveis apontam para um período de manutenção de preços altos durante o ano 2022, que vai ainda ‘contaminar’ a entrada em 2023″.

Más notícias, portanto, que obrigam as grandes empresas, e sobretudo a indústria, a rever toda a sua estratégia de aprovisionamento de energia.

“Os contratos a prazo são balizados pelos preços do OMIP (futuros) e sendo a previsão para os próximos dois anos de preços altos, os contratos a longo prazo, igual ou superior a dez anos, os chamados PPA, nomeadamente renováveis, estão a ser considerados por algumas empresas, pois os futuros indicam preços muito mais baixos e é possível acomodar os preços altos dos próximos dois anos através de negociação”, refere fonte da APIGCEE.

Muitos já com uma diminuição de produção, com redução do número de turnos e/ou diferimento de laboração para períodos tarifários de menor custo (vazio e supervazio), os eletrointensivos reclamam sobretudo uma “modificação urgente do sistema de mercado”, em que os preços acabam por ser exclusivamente marcados pela tecnologia mais cara, de ciclo combinado a gás natural.

“Enquanto o sistema de mercado seja o atual, os preços da energia elétrica devem manter-se elevados uma vez que se perspetiva uma tendência altista do preço do gás natural devido a vários constrangimentos: inverno rigoroso na Europa; atraso no licenciamento do gasoduto Nordstream II; tensão geopolítica com uma possível invasão da Ucrânia pela Rússia, sabendo que a Ucrânia é estratégica para o escoamento do gás russo para o norte da União Europeia; baixa produção renovável; etc.”, refere a mesma fonte da APIGCEE.

Do lado da EDP Comercial, “a tendência é cada vez mais para contratos a cinco, sete e dez anos, que, além de um preço fixo, representam poupanças significativas nos seus custos com energia”. Isto apesar de no passado o segmento empresarial optar tradicionalmente por contratos de curta duração, refere fonte da elétrica.

“Cada vez mais os clientes têm optado por contratos com prazo mais longo, que garantem estabilidade e previsibilidade nos custos com energia”, remata.

Do ponto de vista da CIP – Confederação Empresarial de Portugal existe hoje no mercado, à disposição das empresas, ofertas de energia desde um ano até dez anos, sendo que os comercializadores de maior dimensão proporcionam um leque alargado de tarifários.

No entanto, refere fonte da CIP ao ECO/Capital Verde, apesar de acreditarem que os preços altos vão ainda continuar em 2022, “boa parte das empresas hesita em contratar a prazo alargado porque os preços são altos e a incerteza é tal que existe sempre a esperança de se voltar ao tempo das baixas cotações. Pode, no entanto, dizer-se que as ofertas certamente irão variar de acordo com o prazo dos contratos e com o nível de risco de cada cliente“.

Reconhecendo que todas as empresas estão a encarar subidas muito significativas nos valores da eletricidade, fonte da CIP diz que “o bom senso manda que se procurem contratos de fornecimento de eletricidade, de preferência, à volta de três anos. O risco financeiro de cada empresa pode minar a otimização destes contratos. Esse risco é real. Há ainda fatores de estabilidade política que também apresentam grande risco”.

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