“Estabilidade é boa notícia”, diz Gentiloni sobre vitória do PS

O comissário europeu para a economia disse que a estabilidade política, fruto do resultado das eleições em Portugal, é uma "boa notícia" para as previsões económicas.

A estabilidade política proporcionada pela vitória do PS com maioria absoluta nas eleições de 30 de janeiro é vista com bons olhos pela Comissão Europeia. O comissário europeu para a economia, Paolo Gentiloni, deu esse sinal esta quinta-feira, assinalando que agora aguarda pela entrega da proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022). Para já, as novas previsões não consideram nenhuma das novas medidas previstas pelos socialistas.

“A estabilidade [política] é uma boa notícia para este tipo de avaliações económicas”, afirmou esta quinta-feira o comissário europeu para a economia, Paolo Gentiloni, na conferência de imprensa de apresentação das previsões de inverno da Comissão Europeia, após ter sido questionado sobre os números de Portugal. O executivo comunitário reviu em alta as previsões para o PIB e para a taxa de inflação.

O comissário europeu disse que estas previsões são “boas” para o crescimento de Portugal em 2022, dando destaque ao facto de que a economia portuguesa vai alcançar o nível pré-pandémico, em termos trimestrais, no segundo trimestre de 2022. Mas, para já, estas previsões não contam com os resultados das eleições, os quais indicam que as novas medidas que constavam do OE2022 vão ser implementadas.

Paolo Gentiloni recordou que em novembro enviou uma carta ao Governo português, após o chumbo do Orçamento que levou à realização de eleições antecipadas, a convidar Portugal a submeter um novo esboço do OE2022 à Comissão Europeia “assim que o Governo o apresentar ao Parlamento”. “Estamos a aguardar“, notou.

Segundo o Presidente da República, o novo Governo tomará posse a 23 de fevereiro e na semana seguinte haverá a discussão na Assembleia da República do programa do Governo para os próximos quase cinco anos de mandato. Posteriormente, de acordo com o primeiro-ministro, o Executivo irá submeter o novo Orçamento ao Parlamento.

Gentiloni ainda não vê impacto da inflação nos salários

Questionado sobre a evolução do salário mínimo em países como a Grécia e Portugal, o comissário europeu para a economia admitiu que é possível que haja uma maior reivindicação por um aumento superior do salário mínimo e dos outros salários no curto prazo. Contudo, para já, “ainda não há evidência” de que isso esteja a acontecer na União Europeia de forma agregada.

Paolo Gentiloni reconheceu que a aceleração da taxa de inflação está a afetar o rendimento disponível dos europeus, mas argumentou que os efeitos de segunda ordem da inflação nos salários ainda não é “generalizada nem largamente distribuída” entre setores e países. Para o italiano o mercado de trabalho é “complexo” neste momento uma vez que, no geral, os números são positivos, mas há situações diferentes quando se vai ao pormenor, nomeadamente no elevado desemprego jovem.

Esta tem sido, para já, a avaliação do Banco Central Europeu (BCE) e um dos principais motivos para a cautela do banco central da Zona Euro em não apertar em demasia a política monetária. Porém, Christine Lagarde admitiu que quanto mais tempo a inflação se situar em níveis elevados, maior é a probabilidade de ter impacto nos salários e, assim, levar o BCE a atuar. Isto é, se as pressões nos preços alimentarem subidas de salários acima do esperado ou se a economia recuperar mais rapidamente, a taxa de inflação “pode acabar por ser maior” e o BCE poderá subir os juros.

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