Lucros do BCE encolhem 88%. Banco de Portugal vai receber menos dividendos

O Banco Central Europeu (BCE) fechou 2021 com lucros de 192 milhões de euros, uma quebra de 88,3% em relação aos 1.643 milhões registados em 2020. O que significa que a instituição liderada por Christine Lagarde será bem menos generosa com os dividendos que entrega aos bancos centrais da moeda única.

É o caso do Banco de Portugal, que este ano vai receber 3,65 milhões, tendo em conta a distribuição do capital do BCE, onde o país tem 1,9035%. Uma soma muito inferior aos 38,4 milhões recebidos no ano passado, referentes às contas de 2020. O BCE entrega sempre a totalidade dos lucros. A maior parte do dinheiro (150 milhões) foi transferido para os bancos centrais a 31 de janeiro e os restantes 42 milhões entram nos cofres amanhã, dia 18 de fevereiro.

A instituição responsável pela política monetária da Zona Euro justifica a quebra nos lucros com a diminuição dos resultados obtidos com ativos da reserva externa e em títulos no balanço decorrentes da política monetária, nomeadamente a margem financeira negativa no Programa de Compras de Emergência Pandémica, criado em março de 2020.

Teve especial relevância a constituição de uma provisão de 610 milhões para riscos financeiros, de forma a acautelar “uma maior exposição ao risco decorrente principalmente da continuação das compras de títulos de política monetária”.

A margem financeira desceu de 2.017 milhões para 1.566 milhões em 2021, que não foi compensado pelo aumento das comissões de supervisão de 535 para 578 milhões. A penalizar os resultados esteve também o incremento nos custos com pessoal, que passaram de 646 para 674 milhões, e os administrativos, que cresceram de 553 para 564 milhões.

Os programas de compra de ativos levaram a que o balanço do BCE continua-se a crescer, atingindo os 680 mil milhões de euros, enquanto balanço consolidado do Eurosistema saltou de 6,98 para 8,57 biliões.