A.M. Best afunda notação de risco da Rússia

A A.M. Best, agência de notação financeira que é referência na indústria de seguros, reviu o risco país relativo à Rússia, descendo classificação para o pior nível da escala CRT (Country Risk Tier). Refletindo “significativa amplificação de riscos geopolítico, económico e no sistema financeiro” do país e depois de avaliação incorporando os diversos fatores que poderão afetar, direta ou indiretamente, a atividade seguradora, a AM Best emitiu uma nota alterando a classificação da Rússia, de ‘CRT-4’ para ‘CRT-5,’ que representa “risco muito alto”.

Nascida em 1899 e primeira do mundo na avaliação de risco de crédito, a AM Best explica que com as sanções impostas à Rússia visando o sistema financeiro do país, o quadro local tornou-se ainda mais complexo e “imprevisível” para a atividade seguradora. “A volatilidade no mercado financeiro e cambial aumentou os riscos de liquidez. Adicionalmente, as sanções e os mecanismos de controlo de capitais afetam negativamente os pagamentos transfronteiriços”, afirma um comunicado da agência.

De acordo com a escala CRT da AM Best, quanto mais próximo de CRT-5 estiver a notação atribuída a um país, maior é a adversidade e mais condicionada estará a capacidade de uma seguradora cumprir responsabilidades na cobertura de riscos. Inversamente, o nível CRT-1 significa que um país reúne condições positivas (fatores político, económico e de sistema financeiro) e não constitui ameaça para operação e estabilidade financeira dos seguradores.

Aferindo o risco-país Rússia, a avaliação às três categorias (economia, política e sistema financeiro) é transposta para uma infografia apresentada em encarnado forte, a traduzir risco muito elevado.

Por causa da guerra que a Rússia prossegue em território ucraniano, os fatores de estabilidade política e económica na região deterioraram-se, em particular a situação na Ucrânia, atualmente em processo de destruição causada pela guerra, colocada também em igual nível de risco (CRT-5), indica ficha país no website da AM Best.

Num comentário publicado a 25 de fevereiro, altura em que as tropas russas iniciavam incursão em território ucraniano, a AM Best já antecipava que o avolumar de sanções teria “impacto na capacidade das seguradoras e resseguradoras internacionais de subscreverem riscos (relacionados com a Rússia) ou dificultar o serviço para apólices existentes“, disse Catherine Thomas, senior director de Analytics na AM Best. “Os mais afetados seriam os tomadores grandes riscos nos setores de energia e infraestruturas, tais como seguradoras do London Market, e resseguradoras internacionais,” notou.

Além disso, o impacto global de escalada do conflito na Ucrânia poderá aumentar o risco de um ataque cibernético sistémico e causar “perdas económicas e seguradas significativas”, adiantou a agência explicando que uma perceção de risco mais elevada poderia impulsionar ainda mais os preços num mercado de seguro cibernético já em endurecimento.

Como acontece com a generalidade dos países que monitoriza, a agência disponibiliza as fichas de risco da Rússia e a da Ucrânia (informação em língua inglesa).