BCE vê banca com exposição “contida” à Rússia e deixa orientações sobre dividendos

Supervisor da banca europeia admite impactos da guerra na Rússia mas assegura que a exposição do setor ao país é "contida". Não vai colocar travão nos dividendos, mas deixa orientações.

O Banco Central Europeu (BCE) admite que alguns bancos vão perder dinheiro com a Rússia, perante o impacto das sanções impostas a Moscovo por causa da guerra na Ucrânia, mas assegura que a exposição do setor ao país é “contida”. Por outro lado, o regulador da banca não vai travar a distribuição de dividendos, como fez na anterior crise da pandemia — e era um dos receios dos investidores –, mas deixou orientações.

As exposições dos bancos da Zona Euro aos créditos, títulos e derivados parecem contidas”, referiu esta terça-feira Andrea Enria, presidente do Conselho de Supervisão do BCE, num evento online.

Enria admitiu que mesmo no pior cenário em que alguns bancos poderão ter de se afastar das suas subsidiárias russas, essa situação será “gerível” tendo em conta a “posição sólida de capital” das instituições europeias e também o facto de o funding das subsidiárias ser local na maioria dos casos.

Embora ainda não se registem grandes eventos até ao momento, o responsável considerou que o risco de ciberataques aos bancos continua a ser uma “ameaça concreta” e pede vigilância apertada.

Naquilo que são as implicações para os acionistas, os bancos estavam agora a retomar os dividendos, depois das limitações impostas durante a crise pandémica. De acordo com as estimativas do BCE, os bancos tiveram lucros de 94 mil milhões de euros em 2021 e preparam-se para aplicar cerca de metade desse montante (47 mil milhões) em dividendos e planos de recompras de ações.

Apesar do eclodir da guerra, o BCE não vai travar as remunerações aos acionistas, mas Andrea Enria avisa que a distribuição de dividendos deve estar “ancorada num planeamento de capital sólido em relação a cenários adversos credíveis e específicos da instituição”.

Enria disse que os bancos devem abster-se de anunciar políticas de dividendos em termos de valores absolutos e devem esclarecer que os dividendos estão sujeitos ao cumprimento de planos estratégicos, “tanto em termos de geração de lucros quanto de trajetórias de capital”.

Em Portugal, foram vários os bancos que já anunciaram dividendos. O BPI acabou de pagar 194 milhões de euros à casa-mãe espanhola CaixaBank e o Santander Totta vai dar 480 milhões ao acionista espanhol. Também o BCP vai propor um dividendo “muito moderado” e a Caixa Geral de Depósitos (CGD) ainda não fez qualquer anúncio, apesar dos lucros de 583 milhões em 2021.

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