Da logística aos novos compradores, os desafios do Chelsea na era das sanções

As sanções aplicadas a Roman Abramovic por parte do governo britânico deixaram o Chelsea em situação delicada, sendo que o simples facto de jogar fora é atualmente um problema para o clube.

Os ventos da guerra da Ucrânia já chegaram também ao futebol mundial, mais especificamente à Premier League. O Chelsea está a ultrapassar um dos momentos mais difíceis da sua história, depois do proprietário do clube, o milionário Roman Abramovich, ter ficado com os seus bens congelados e sem autorização para fazer negócio com pessoas ou empresas do Reino Unido, pelo facto de ter sido um um dos principais visados do pacote de sanções aprovado pelo governo de Boris Johnson, como resposta à invasão russa.

Para explicar esta decisão, o governo britânico considera que o magnata terá recebido tratamento especial por parte do Kremlin ao longos dos anos e que tem estado “envolvido na desestabilização da Ucrânia, minando e ameaçando a sua integridade territorial, soberania e independência“, salientou o Executivo, citado pelo The Guardian.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros referiu estar implicado através da empresa siderúrgica Evraz plc, na qual detinha uma participação e sobre a qual exercia um controlo efetivo. Julga-se que a empresa pode ter fornecido aço aos militares russos para a produção de tanques.

Devido a estas sanções aplicadas pelo governo, o Chelsea acabou mesmo por sair bastante prejudicado. Os blues ficaram impedidos de vender merchandising, negociar passes de jogadores e até mesmo de vender bilhetes para os seus jogos. Apenas quem detiver os bilhetes de época é que poderá assistir às partidas.

O processo de venda do clube, que tinha começado no início de março, ficou também suspenso devido às sanções impostas a Abramovich.

Foi ainda criada uma licença especial que permite ao atual campeão europeu de clubes gastar apenas 500 mil libras (aproximadamente 595 mil euros) para organizar jogos no seu estádio e 20 mil libras (perto de 23,8 mil euros) para os encontros que tiver de jogar fora (inclui competições domésticas e internacionais).

I Liga inglesa retira cargo no Chelsea a Abramovich

Como reação à guerra e às sanções, a I Liga inglesa de futebol decidiu retirar no dia 12 de março ao proprietário russo Roman Abramovich o cargo de dirigente do Chelsea, referindo que a decisão “não tem impacto” na capacidade do clube de treinar e disputar as suas partidas.

“Na sequência das sanções impostas pelo governo britânico, a direção da Premier League desqualificou Roman Abramovich de diretor do Chelsea Football clube“, refere a I Liga inglesa em comunicado.

Segundo o documento, esta decisão “não vai ter impacto” na capacidade do clube em treinar e jogar as suas partidas, de acordo com “os termos da licença concedida (ao clube) pelo governo e que expira em 31 de maio de 2022”.

Logística low-cost para competir

Apesar de tudo, o principal problema que o Chelsea é a questão da logística de conseguir sair do seu reduto para enfrentar outras equipas sem exceder o limite estipulado de 20 mil libras.

No período em que as sanções se tornaram efetivas até ao dia de hoje, o emblema liderado por Thomas Tuchel não teve problemas nas suas deslocações fora porque, segundo o The Guardian, foram pagas antecipadamente. No entanto, na partida deste sábado entre o Middlesbrough e o Chelsea para a Taça de Inglaterra já não existe essa salvaguarda.

Foi necessário arranjar um consenso com o governo para impedir que a equipa fizesse 800 quilómetros num autocarro que demoraria horas a chegar ao destino final. De acordo com a agência AP, citado pelo Record, o executivo de Boris Johnson acedeu aos pedidos do clube e aliviou as sanções para este duelo, permitindo que o Chelsea possa gastar acima do limite anteriormente imposto.

Uma decisão que veio aliviar a situação do clube até ao dia 9 de abril, altura em que volta a jogar fora de portas, desta vez frente ao Southampton. Todavia, o futuro promete ser sinuoso até que Roman Abramovich consiga vender o Chelsea.

Novos compradores precisam-se

É verdade que o processo de venda do clube foi suspenso mas há uma luz ao fundo do túnel. Segundo relatos da BBC, Abramovich poderá requerer uma licença especial que lhe permitirá avançar com a venda, mesmo com as sanções em vigor. Se isso acontecer, terá de provar que não sairá beneficiado com a transação.

Caso a licença especial seja requerida, Roman Abramovich tem à sua espera cerca de 20 interessados em fechar negócio, dois quais um deles é português.

O fundo de investimento Aethel Partners, do português Ricardo Santos Silva e que tentou comprar o Novobanco, apresentou na quinta-feira uma proposta de 2.000 milhões de libras (mais de 2.300 milhões de euros) para comprar o Chelsea, de acordo com a Sky Sports.

De acordo com a mesma fonte, a Aethel Partners está ainda disponível para injetar no imediato cerca de 60 milhões de euros no clube londrino para superar os problemas de tesouraria.

O fundo do investidor português não está sozinho na corrida para comprar o Chelsea, que se estima que esteja avaliado em cerca de três mil milhões de libras (cerca de 3,6 mil milhões de euros).

Para já é conhecido o interesse de Barbara Charone e o jornalista britânico Daniel Finkelstein, que se juntaram ao bilionário suíço Hansjorg Wyss e ao empresário americano Todd Boehlybid. Wyss tem uma fortuna avaliada em mais de 46 mil milhões de euros e Boehlybid é um dos donos do clube de beisebol Los Angeles Dodgers.

Também na corrida está o turco Muhsin Bayrak, dono do grupo AB, fundado em 1999, e que tem investimentos em criptomoedas, construção, turismo e no setor da energia.

O dono do New York Jets, Woody Johnson, e um consórcio saudita também estarão interessados.

Por outro lado, o bilionário britânico Jim Ratcliffe, dono da Ineos e que comprou o clube francês Nice em 2019, já mostrou interesse em adquirir o Chelsea, mas não vai avançar agora por considerar que não vê valor no negócio.

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