CIP pede regresso urgente do lay-off simplificado e recurso ao teletrabalho

Presidente da CIP diz que é urgente repor o lay-off simplificado. Se medida não avançar, haverá encerramento de fábricas no têxtil, vidro ou cerâmica, afirma. Defendeu ainda o recurso ao teletrabalho.

Estranhamos que o Governo não queira lançar mão do lay-off simplificado e esteja a reagir timidamente como reagiu aquando da pandemia“, afirmou António Saraiva, presidente da CIP, num encontro com jornalistas em Lisboa.

O responsável da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) assinalou que “o efeito da pandemia não está afastado. Há tipologias empresariais que ainda estão a ser afetadas.” A que se soma agora “o aumento exponencial dos custos de energia e escassez de matérias-primas e aumento do preço”.

“Todos os setores nos sinalizam a necessidade urgente de lançar mão deste instrumento [lay-off simplificado]. É o que melhor serve as suas necessidades para minorar os efeitos da guerra”, defendeu.

António Saraiva afirma que há indústrias já com paragens, como a siderurgia. Disse também que “empresas do setor têxtil, cerâmico, e do vidro reduziram as suas atividades. Aquilo que nos têm sinalizado através das associações é que se nada for feito até ao fim do mês podem encerrar as suas atividades“, voltando a apontar para o lay-off simplificado.

António Saraiva deixou críticas à contradição do Governo sobre este tema, afirmando que o regresso daquele regime foi admitido pelo secretário de Estado, mas depois negado pelo ministro. Espera agora que o novo Executivo tenha uma perspetiva diferente sobre o tema.

Para o responsável, tentar encontrar uma alternativa “seria uma perda de tempo”, obrigaria a medidas legislativas e mais burocracia. Sublinhou ainda que a medida já está experimentada.

Além do lay-off simplificado, o líder da CIP avançou com mais cinco medidas que a confederação considera essencial:

  • Recurso aos 11,5 mil milhões do PRR que Portugal já tem aprovados
  • Alívio fiscal
  • Atribuição de verbas do Fundo Ambiental (ou outros) para redução das tarifas de gás e de eletricidade
  • Admissão da necessidade, sobretudo no gás, de se recorrer ao défice tarifário
  • Apoios diretos a empresas de setores muito expostos à concorrência externa e com elevadas dependências energéticas

Estas reivindicações foram já dadas a conhecer ao Executivo durante a primeira reunião do grupo de trabalho criado para acompanhar o impacto da guerra na Ucrânia na economia, que reuniu na terça-feira.

CIP recomenda recurso ao teletrabalho, quando possível

Durante o encontro foi feita uma apresentação do aumento dos custos da energia e o impacto nas diferentes indústrias. O vidro, por exemplo, é dependente em 81% do gás natural, a cerâmica em 74% e o têxtil em 69%. No último mês, o combustível ficou 12% mais caro. Face há um ano a diferença é de 442%.

O aumento dos preços da energia vai obrigar as empresas a recorrer a medidas de eficiência, de forma a minorar os custos. Questionado se uma dessas medidas deve ser o teletrabalho, o presidente da CIP respondeu afirmativamente.

“Todas as atividades que permitam o recurso a essa figura [teletrabalho], sim”, afirmou, considerando que durante a pandemia o teletrablho demonstrou ter vantagens “para ambas as partes”. Sublinhou, no entanto, que “no chão de fábrica é impossível” adotar essa prática.

A configuração do novo Governo também foi abordada por António Saraiva. Questionado sobre os nomes apontados para a pasta das Finanças, Fernando Medina, e da Economia, António Costa Silva, o presidente da CIP disse serem “pessoas conhecedoras e capacidade para fazerem um bom serviço”. Mas, mais que as pessoas, “o que importa são as políticas”, sublinhou.

(Notícia atualizada às 16h45)

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