Apesar da guerra, PIB vai ficar este ano 0,7% acima do pré-pandemia

Os 0,7% representam uma revisão em baixa de uma décima face aos 0,8% indicados no Programa de Estabilidade divulgado no final de março.

A economia portuguesa vai terminar 2022 com um nível de atividade 0,7% acima do registado antes da pandemia. Apesar da guerra, que levou o Governo a rever em baixa o crescimento económico para 4,9% este ano, o PIB português deverá conseguir completar a retoma, na qual já está atrasado face à maioria dos países europeus. Ainda que recuperem, as exportações de turismo continuarão muito aquém do nível pré-pandemia.

Os números constam da proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) e mostram que o novo Executivo continua confiante de que será possível concluir a retoma pós-pandemia, apesar do impacto económico da invasão russa na Ucrânia. Isto mesmo com o corte na previsão do PIB em 2022 de 5% no Programa de Estabilidade 2022-2026 (5,5% no OE2022 original) para 4,9%, alinhando com o número do Banco de Portugal.

Para o ano de 2022, prevê-se ainda a continuação de uma trajetória de recuperação da economia portuguesa, com um crescimento de 4,9%, prevendo-se que a economia se situe 0,7% acima do nível pré-pandemia registado em 2019“, antecipa o Ministério das Finanças agora liderado por Fernando Medina no relatório do Orçamento. Os 0,7% representam uma revisão em baixa de uma décima face aos 0,8% indicados no Programa de Estabilidade divulgado no final de março.

A revisão em baixa do PIB é explicada “principalmente devido aos seus efeitos nos preços e nas quantidades transacionadas de matérias-primas (energia, cereais entre outras), bem como das sanções económicas amplamente implementadas“, explica o relatório do OE2022. Mas há previsões mais pessimistas como a do BPI que estima um crescimento de apenas 4,2%, o que adiaria a retoma total para 2023.

A confirmarem-se estas previsões, o Governo garante que voltará a verificar-se “a trajetória de convergência real de rendimento com a média europeia que se verificou entre 2016-2019 e que foi retomada a partir do segundo trimestre de 2021”. Contudo, apesar de crescer acima da média europeia, a economia portuguesa tem sido ultrapassada por países de leste no ranking do Eurostat relativo ao PIB per capita.

Investimento, emprego e turismo brilham em 2022

Qual será o motor da economia este ano? Para o crescimento económico, o Governo conta com uma “forte recuperação das exportações, em particular da exportação de serviços”. Porém, as exportações de serviços, que maioritariamente correspondem às do turismo, não vão recuperar totalmente este ano, até porque no final de 2021 ainda estavam 20 pontos percentuais abaixo do nível de 2019.

Ainda assim, “o levantamento das restrições à mobilidade internacional e o ritmo de vacinação a nível global contribuirão para uma recuperação forte do turismo e serviços de transporte associados, especialmente a partir do segundo trimestre de 2022″, antecipa o Executivo.

O investimento continuará a ser um dos destaques da recuperação económica, mesmo numa altura em que esta componente do PIB já ultrapassou em 2021 o nível pré-pandemia em 3,5%.Antecipa-se igualmente um contributo significativo do investimento, que beneficiará da implementação do PRR e do forte crescimento do investimento público, superior a 30%”, nota o Governo.

O outro destaque da retoma pós-pandemia tem sido a resiliência “extraordinária” do mercado de trabalho, nas palavras das Finanças, fruto também das medidas implementadas pelo Estado como o lay-off simplificado. Em 2021, o nível de emprego já era superior em 0,6% face ao nível de 2019 e a taxa de desemprego deverá continuar a descer, fechando 2022 nos 6%.

Ao contrário do que sucedeu no Programa de Estabilidade, na proposta do OE2022 o Ministério das Finanças não apresenta um cenário macroeconómico adverso e o ministro referiu em conferência de imprensa que não antecipa, neste momento, a necessidade de um Orçamento Retificativo este ano por causa dos efeitos da guerra.

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