Robots a darem crédito? Podem ajudar os bancos, mas cuidado com enviesamentos

Inteligência artificial não substitui o gestor do banco na concessão de crédito, mas pode ajudar a tomar um melhor decisão. Especialistas pedem cautela na utilização desta ferramenta.

Os robots não substituem os gestores dos bancos na hora de dar um crédito a uma família ou empresa, mas podem ajudá-los a tomarem uma melhor decisão, defenderam os especialistas numa conferência organizada pelo Banco de Portugal, avisando, porém, que é preciso ter cautela na utilização da inteligência artificial.

“A prática bancária não evoluiu para que, no futuro de curto prazo, [a concessão de crédito] possa ser única exclusivamente mecânica. (…) Vejo [a inteligência artificial] como uma fonte auxiliar de decisão”, defendeu Cristina Máximo dos Santos, Encarregada de Proteção de Dados da Caixa Geral de Depósitos (CGD), no colóquio sobre “Proteção de dados e os novos desafios no sector bancário”.

A inteligência artificial traz-nos “dados trabalhados e resultados trabalhados, em função de um volume de dados que um humano não consegue analisar num curto espaço de tempo”, acrescentou a responsável do banco.

“Como sistema de suporte, a inteligência artificial ajuda-nos a tomar decisões muito mais assertivas”, apontou, por sua vez, Luís Antunes, professor catedrático do Departamento de Ciência de Computadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. “A inteligência artificial consegue ir buscar padrões que nós, humanos, não conseguimos”, explicou o docente sobre as potencialidades desta tecnologia.

Falando no mesmo painel sobre “A Inteligência Artificial na Banca e a proteção de dados: oportunidades e desafios”, Filipa Calvão, presidente da Comissão Nacional da Proteção de Dados (CNPD), sublinhou que a inteligência artificial “traz eficiência e é útil” para as organizações, mas considerou que “é preciso ter cautelas” na utilização destas ferramentas.

Segundo disse a responsável, “estão carregadas com os mesmos vícios que nós [a sociedade] temos”, pois trabalham com “dados que refletem a sociedade que temos”. “Se a sociedade é discriminatória, os dados também serão”, argumentou.

“O viés não está no algoritmo, está nos dados da sociedade. O mundo real é enviesado”, completou Luís Antunes. “Se estamos a potenciar um viés, aí temos de parar” com o modelo, acrescentou o professor.

Nesse sentido, ambos os responsáveis defenderam que é preciso assegurar que estas ferramentas sejam transparentes e justas. “O algoritmo tem de ser explicado. Eu tenho de saber o que explicar o que se está a passar com o modelo”, referiu Luís Antunes.

Para Filipa Calvão, esta exigência de transparência é o passo essencial para evoluir estas ferramentas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Robots a darem crédito? Podem ajudar os bancos, mas cuidado com enviesamentos

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião